O presidente do Botafogo, João Paulo Magalhães, fez uma declaração contundente nesta quinta-feira, ao acusar a Eagle Football Holdings, empresa de John Textor e seus sócios, de desviar aproximadamente US$ 128 milhões da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo para cobrir dívidas e evitar o rebaixamento do Olympique Lyonnais, na França. A revelação gerou alarmes sobre a saúde financeira do clube carioca, que enfrenta uma crise sem precedentes.
Acusações preocupantes e implicações internacionais
Na carta divulgada, Magalhães destaca que a situação atual do Botafogo é o resultado de uma disputa internacional que envolve clubes e investidores de países como Estados Unidos, França, Bélgica e Inglaterra. Ele enfatiza que a crise não é um pedido de saída de Textor ou da parceria com a Eagle, mas sim uma demanda por transparência e cumprimento do Acordo de Acionistas firmado em março de 2022.
“Queremos apenas que os compromissos sejam honrados”, afirmou Magalhães, ressaltando a importância de Textor na transformação do clube, mas enfatizando que a situação financeira exige uma resposta clara e efetiva.
Movimentos internos e a tentativa de afastamento
O presidente revelou que, em julho, os sócios estrangeiros de Textor tentaram afastá-lo da gestão do Botafogo, um movimento que remete a questões semelhantes enfrentadas com o Lyon. Magalhães alega que a diretoria social do Botafogo interveio com sucesso, garantindo a permanência de Textor na gestão da SAF. “Se não fosse a intervenção do Botafogo Social, ele teria sido afastado”, assegurou o presidente.
Descobertas financeiras alarmantes
A investigação realizada pela diretoria social revelou que receitas essenciais, como verbas de renovações contratuais, prêmios por conquistas na Libertadores e Campeonato Brasileiro, assim como vendas de jogadores, foram usadas para atender as necessidades financeiras do Lyon, sem qualquer restituição. Isso deixou a estrutura financeira da SAF em uma situação crítica, dificultando a operação mesmo após conquistas esportivas significativas.
O presidente do Botafogo destacou que a falta de retorno financeiro dessas transações contribuiu para um déficit que pode alcançar entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões até 2026, além do risco de sanções financeiras (transfer ban) e dificuldades para honrar pagamentos de salários. “Os repasses de investidores foram interrompidos e as despesas urgentes só foram cobertas recentemente graças ao esforço pessoal da CEO Thairo Arruda”, esclareceu.
Cobranças de respeito e transparência
Magalhães reforçou a posição do clube, afirmando que o Botafogo social nunca pediu o “futebol de volta”, nem a saída de Textor. A exigência principal permanece sendo a transparência, o respeito e o cumprimento integral do acordo firmado entre todas as partes envolvidas. No final, o presidente apelou à torcida alvinegra para que permaneça vigilante e engajada diante da atual crise.
“O nosso protesto está feito. Vocês torcedores sejam também vigias do Botafogo. Jamais iremos parar de defender o Botafogo”, finalizou, colocando a instituição acima de qualquer interesse pessoal.
A situação do Botafogo mostra-se crítica e carece de atenção não apenas dos dirigentes, mas também dos torcedores que, cada vez mais, se sentem parte ativa da história e gestão do clube.


