A escolha do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ao marcar para 10 de dezembro a sabatina de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe à tona a complexidade da situação enfrentada pelo advogado-geral da União. O curto espaço de mais de duas semanas para construir relacionamentos e conquistar apoios entre os senadores impõe um desafio significativo a Messias em um cenário político marcado por descontentamento e tensão.
O tempo limitado para articulação política
O prazo reduzido para a sabatina de Messias, considerado curto mesmo em contextos amigáveis, pode ser um obstáculo crucial. Isso limita seu acesso às reuniões políticas e dificulta o necessário trabalho de convencimento junto aos parlamentares. Até agora, a ausência de um clima favorável em relação à sua nomeação e o descontentamento de alguns setores significam que Messias precisará de uma estratégia eficaz e ágil.
Comparações com nomeações anteriores
Uma análise das indicações anteriores feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu terceiro mandato evidencia ainda mais o desafio que Messias enfrenta. O advogado Cristiano Zanin, que foi indicado em junho e teve um prazo de 20 dias antes de sua sabatina, conseguiu aprovação robusta, sendo aprovado por 58 votos a 18. Já Flávio Dino, que foi indicado em um clima político mais favorável, também teve tempo suficiente para articular e apresentar-se aos senadores, obtendo 47 votos a favor e 31 contra.
Terreno irregular para Messias
Jorge Messias chega ao Senado em um terreno irregular, especialmente porque o próprio presidente Alcolumbre é relutante em apoiar sua indicação. O cenário se complica mais ainda com a resistência de alguns senadores a sua escolha, que é vista por muitos como excessivamente alinhada aos interesses do governo. Alcolumbre havia preferido que Lula tivesse indicado o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), uma escolha que poderia ser mais aceitável para o Senado como um todo.
A pressão sobre a indicação
Apesar da pressão, Lula optou por não ceder e reafirmar seu poder de decisão na escolha dos ministros do STF, priorizando a lealdade à sua administração. Tal movimento não só destaca a autoridade do presidente como também ilustra a confiança em Messias, que precisa agora estabelecer um bom relacionamento com diferentes grupos políticos dentro do Senado.
Perspectivas de aprovação
Messias tem apostado em construir um diálogo efetivo, especialmente com os membros do Centrão e setores mais à direita, para garantir sua aprovação tanto na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quanto no plenário do Senado. Contudo, o advogado-geral da União precisa demonstrar que sua atuação no STF será pautada em aspectos técnicos, distantes de ideologias que possam polarizar ainda mais a situação.
Desafios no cenário atual
Setores da oposição são críticos ao alinhamento de Messias com o governo; entretanto, ele terá que enfrentar uma batalha intensa, já que a disposição do Senado pode não ser tão favorável quanto a dos seus antecessores. O advogado-geral deve buscar não apenas a aprovação, mas, fundamentalmente, a construção de vínculos que possam evitar conflitos futuros, permitindo uma gestão mais tranquila de sua atuação na Corte.
Assim, o cenário político em torno da sabatina de Jorge Messias imprime uma urgência sem precedentes e cria um espaço para a articulação em busca de apoio que pode definir não apenas seu futuro no STF, mas também a própria dinâmica de relações entre o executivo e o legislativo. À medida que a data da sabatina se aproxima, a habilidade de Messias em navegar por esse ambiente desafiador será testada de maneira significativa.
Estaremos atentos aos desdobramentos dessa situação e aos impactos que essa sabatina terá no futuro do STF e da política brasileira.


