A cerimônia de sanção da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, prevista para esta quarta-feira, foi marcada por duas ausências relevantes no meio da crise política entre o Planalto e o Congresso. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não participaram do evento, sinalizando o crescente desgaste entre os poderes.
Ausências reflexo do momento de tensão
Pela manhã, a assessoria de Motta informou que o deputado “cumpre agenda interna” e, portanto, não estaria presente na cerimônia. Apesar disso, ele publicou nas redes sociais uma mensagem exaltando a “união dos Poderes” e o “diálogo” em tom institucional, contrastando com o ambiente de atrito real. “Este é o resultado da união dos Poderes em favor do Brasil. Com respeito às atribuições legislativas, diálogo e equilíbrio, o país avança”, declarou Motta no perfil no X.
Senado também opta por ausência
Já Davi Alcolumbre preferiu não comparecer ao evento e também optou por não atuar de forma explícita na defesa do governo na crise decorrente da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao STF. A escolha de Alcolumbre, que marcou a sabatina de Messias para 10 de dezembro, ocorre em um momento de forte atrito com o Executivo, que aprovou uma pauta considerada espinhosa e que impacta as contas públicas.
Conflitos internos revelam afastamento dos poderes
A ausência simultânea dos dois chefes das casas legislativas revela um acúmulo de tensões que até então tinham sido exercidas de forma isolada. Na Câmara, o desgaste entre Hugo Motta e o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), intensificou-se após a votação de projetos polêmicos e episódios de desgaste público, como a fuga do deputado Alexandre Ramagem dos Estados Unidos, que gerou acusações contra Motta por atitudes consideradas “lenientes”.
Nos bastidores do Senado, a percepção é de que Motta e Alcolumbre vinham adotando posturas cada vez mais distantes do governo. A relação se deteriorou após a votação do projeto que prevê aposentadoria integral para agentes de saúde e endemias, estimando um impacto de R$ 100 bilhões em dez anos, uma pauta que o Planalto considerou controversa.
Impacto na relação institucional
A ausência de lideranças políticas na cerimônia revelou o momento de fragilidade na relação institucional. Enquanto o governo buscava usar a sanção como símbolo de união em momento eleitoral, o fato de não contar com os principais representantes do Legislativo demonstra que o esvaziamento do evento foi uma mensagem de distanciamento, demonstrando que o Congresso não vê sinais de uma trégua no momento.
Segundo fontes próximas, a crise pode persistir diante de desentendimentos internos e da dificuldade de conciliação na agenda política. A situação reforça o cenário de uma relação tensa entre o Executivo e o Legislativo, que pode afetar a tramitação de futuras pautas importantes para o governo.
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