O sistema judiciário do Tocantins enfrenta um momento turbulento, com a apuração de denúncias graves que envolvem assédio moral e corrupção. A Operação Máximus, que investiga a suposta venda de sentenças judiciais, resultou no afastamento de três juízes e um desembargador, evidenciando problemas sérios que atingem a credibilidade do estado.
Afastamentos significativos no TJTO
A situação se agravou recentemente, com o afastamento do juiz Jefferson David Asevedo Ramos, da comarca de Augustinópolis. Ele foi denunciado por assédio moral e afastado por 60 dias, conforme decisão do pleno do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). A corregedoria está conduzindo a investigação e, até o momento, a defesa do magistrado não se pronunciou.
Em julho, o juiz Adriano Morelli, da 1ª Vara Cível e de Recuperações Judiciais de Gurupi, também foi afastado por 140 dias. Seu afastamento ocorreu após indícios de favorecimento a uma das partes em um processo, além do descumprimento de decisões de instância superior. A defesa de Morelli argumentou que essa medida é temporária e visa não interferir nas investigações.
Impacto na credibilidade do judiciário
Para diversos especialistas, essa sequência de ocorrências representa uma crise de credibilidade no judiciário, levantando questões sobre a necessidade de maior transparência e controle interno. A professora Tatiana Cosate, do curso de Direito da Unitins, destacou a importância de comportamentos éticos por parte dos magistrados para que a confiança na Justiça seja restaurada.
Operação Máximus e seus desdobramentos
Além dos afastamentos mencionados, dois outros magistrados estão sob investigação na Operação Máximus, conduzida pela Polícia Federal. O juiz José Maria Silva e o desembargador Helvécio Maia Brito estão sendo investigados por supostas negociações de decisões judiciais. Relatórios preliminares apontam ao menos 14 casos suspeitos de negociações irregulares.
No início de setembro, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, decidiu manter o afastamento de Helvécio, considerando a gravidade das denúncias. As investigações indicam que ele teria atuado como principal articulador de um esquema de venda de sentenças, além de influenciar promoções no judiciário, favorecendo empresas e órgãos públicos.
O filho do desembargador, identificado como Thales Maia, também foi preso preventivamente e é considerado um dos operadores da suposta organização criminosa. Em depoimento ao STJ, Helvécio Maia negou todas as acusações, afirmando ser alvo de uma perseguição.
Resposta dos magistrados e do TJTO
O juiz José Maria Lima também se manifestou, negando as alegações de negociação de sentenças e afirmou estar triste com a situação. Ele arguiu que não teria autorizado ou discutido tais questões. A defesa do advogado Thiago Sulino, que também está envolvido nas investigações, expressou confiança na Justiça, aguardando a demonstração da improcedência das acusações.
O Tribunal de Justiça do Tocantins soltou uma nota informando que os casos de Helvécio e José Maria estão sob análise do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto as investigações sobre Adriano Morelli estão sendo conduzidas pela Corregedoria-geral de Justiça do estado.
As implicações para o futuro do judiciário no Tocantins
A situação atual ressalta a necessidade urgente de reformas e um fortalecimento das medidas de supervisão no sistema judiciário do Tocantins. A confiança do público na Justiça é fundamental para a estabilidade social e o respeito às leis. Com um aumento das investigações e um maior escrutínio público, espera-se que o judiciário possa restaurar sua imagem e o compromisso com a imparcialidade.
As investigações continuam e a sociedade observa atentamente os desdobramentos, torcendo para que a verdade prevaleça e os responsáveis sejam responsabilizados. A credibilidade do sistema judiciário dependerá, em grande parte, das respostas e medidas a serem tomadas nos próximos meses.
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