O plano de paz proposto por Donald Trump para a Ucrânia, divulgado na semana passada, gera preocupação global ao parecer beneficiar amplamente a Rússia. A proposta, que contém 28 pontos, repete discursos alinhados ao Kremlin e foi objeto de controvérsia após a confirmação de que teria origem americanas, embora alguns acreditassem que fosse um documento russo.
Perdas territoriais e ameaça à segurança da Ucrânia
O documento prevê a entrega voluntária de territórios controlados pela Ucrânia, incluindo áreas de alta fortificação na região de Donetsk. Tal decisão facilitaria um novo ataque russo contra Kyiv, argumentam especialistas. A Ucrânia tem defendido uma manutenção do status quo e um cessar-fogo nas linhas atuais como pré-requisito para futuras negociações.
Limitações à soberania e à integração com a Otan
Outro ponto polêmico é a limitação do número de tropas ucranianas a 600 mil, além da obrigatoriedade de renunciar às aspirações de ingresso à Otan e de estabelecer a neutralidade na Constituição — uma condição que se assemelha ao cenário anterior à invasão da Crimeia, em 2014. A ampliação dos direitos da língua russa e da Igreja Ortodoxa de Moscou também reforça a influência do Kremlin na Ucrânia.
Impunidade e ausência de garantias de segurança
O plano prevê anistia para todas as partes, incluindo soldados russos acusados de crimes de guerra, como massacres, bombardeios de hospitais, deportação de crianças e ataques com drones. Tais medidas ignoram a busca por justiça no Brasil e favorecem a impunidade, segundo analistas.
Risco de novos ataques e limitações às alianças internacionais
Mais preocupante ainda é o fato de o documento não oferecer garantias concretas de segurança para a Ucrânia. Ele depende da boa vontade da Rússia, que já violou vários compromissos internacionais desde 2014 e provavelmente usará qualquer cessar-fogo para rearmar-se e atacar novamente.
O impacto potencial é uma vulnerabilidade aumentada na Europa, incluindo possíveis ataques a países membros da União Europeia ou da Otan, como os Estados do Báltico. O secretário de Defesa da Alemanha já alertou para a possibilidade de um ataque à região até 2029, demonstrando a fragilidade das promessas de paz.
Resposta internacional e futura movimentação diplomática
Diante de tal cenário, há uma resistência considerável no Ocidente. Uma nova proposta de 19 pontos, apoiada pelos Estados Unidos, está em análise, e negociações com representantes russos estão marcadas para hoje em Abu Dhabi. Ainda nesta semana, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deverá se encontrar com o então ex-presidente Donald Trump.
Independentemente do desfecho, esse contexto deve servir como um alerta para a Europa, que precisa se preparar para defender seus valores e sua segurança frente às tentativas de manipulação e isolamento promovidas pelo Kremlin.
Segundo analistas de política internacional, a proposta de Trump revela a necessidade de os aliados fortalecerem sua posição e reafirmar seu compromisso com a soberania ucraniana e a integridade territorial.


