A cidade de Nova Friburgo, localizada na Região Serrana do Rio de Janeiro, esteve em destaque recentemente devido à polêmica sobre a construção de 144 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida. A Prefeitura municipal selecionou um terreno na Olaria, que atualmente funciona como pátio para veículos apreendidos e fica próximo ao Ginásio Adhemar Combat, para abrigar essas novas moradias. Entretanto, a escolha do local gerou um intenso debate entre os moradores dos bairros Cônego, Sítio São Luiz, Cascatinha e Caledônia.
Mobilização da comunidade gera audiência pública
Diante da divergência de opiniões, o vereador Cláudio Damião (PT) protocolou, na última segunda-feira (24), um pedido para realizar uma audiência pública. O objetivo é discutir o projeto com a população e esclarecer os impactos potenciais da construção. Segundo Damião, a falta de diálogo com os moradores é uma preocupação. Ele enfatiza a importância do debate, afirmando: “O desejo de todos é o sonho da casa própria. É algo absolutamente importante e natural. E é isso que nós queremos, que as pessoas tenham esse desejo realizado. Agora, é preciso ter um diálogo, um debate com a população.”
A audiência está programada para esta quarta-feira (26), às 18h, no Plenário Jean Bazet, da Câmara Municipal de Nova Friburgo.
A visão da Prefeitura sobre o terreno escolhido
A Prefeitura defende a escolha do local, alegando que ele atende todos os critérios técnicos exigidos pela Caixa Econômica Federal, como proximidade de escolas, unidades de saúde, CRAS e outros serviços essenciais. Além disso, a administração municipal informa que, se o projeto for aprovado, o investimento pode ser de cerca de R$ 24 milhões, oferecendo uma solução para a déficit habitacional da região.
“A administração tentou, de todo modo, através de vídeos do prefeito, mostrar onde é o local correto do empreendimento. Estavam achando que era na Via Expressa, mas não é. É no terreno um pouco acima, próximo ao ginásio”, afirmou Rodrigo França, secretário de Habitação da cidade.
Os moradores levantam questionamentos sobre a mudança de finalidade do terreno
Embora a proposta de construir moradias populares seja bem recebida por muitos, há uma forte resistência de parte da comunidade. Os moradores ressaltam que o terreno sempre foi destinado à criação de um parque municipal voltado para esportes, lazer e turismo. “Queremos que essa área seja preservada”, afirma Gustavo Barroso, um dos moradores que participa da mobilização.
Barroso e outros residentes argumentam que existem outras áreas no Plano Diretor da cidade que seriam mais adequadas para a construção de habitações populares. A comunidade se une na afirmação de que o espaço deveria continuar a ser utilizado para atividades recreativas e ambientais, contribuindo assim para a qualidade de vida da região.
Preocupações e desinformações na era digital
A desinformação circulou rapidamente nas redes sociais, levando a uma necessidade urgente de esclarecimento. O secretário de Habitação mencionou que o local correto do projeto não é o que muitos pensavam. Ele enfatizou a importância de verificar as informações através dos canais oficiais da Prefeitura, como o site e as redes sociais, para obter dados precisos sobre o projeto.
O secretário também delineou as etapas seguintes caso Nova Friburgo seja contemplada pelo programa federal. Após a validação do terreno pela Caixa, a próxima fase envolverá a elaboração de uma lei autorizativa para a doação do espaço. Em seguida, haverá um chamamento para contratar a empresa responsável pela construção, a apresentação dos projetos, licenciamento e, enfim, a assinatura do contrato e o início das obras.
Considerações finais sobre a discussão da habitação popular
O debate sobre a construção do conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida em Olaria levanta questões cruciais sobre o acesso à moradia, planejamento urbano e a participação cidadã nas decisões que afetam a vida das comunidades. À medida que a audiência pública se aproxima, será fundamental que todos os interessados – tanto a população quanto as autoridades – se reúnam para encontrar uma solução que atenda às necessidades habitacionais, respeitando, ao mesmo tempo, o espaço e os desejos da comunidade local.
A discussão sobre o futuro do terreno e a construção das novas casas é um reflexo das realidades complexas das cidades brasileiras, onde a demanda por moradias populares deve ser equilibrada com a preservação de espaços públicos e a qualidade de vida de seus cidadãos.


