Na manhã desta terça-feira (25), a morte do influenciador digital conhecido como “Cearense do Grau” chocou seus seguidores e a comunidade local. O jovem, famoso por vídeos de manobras radicais e postagens bem-humoradas sobre o universo das motos, faleceu após uma ocorrência policial em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. Este incidente gerou uma série de desdobramentos e protestos, colocando em evidência as práticas das forças de segurança na região.
Desaparecimento e relatos de familiares
A tragédia começou a se desenrolar quando familiares do influenciador, incluindo sua irmã, a influenciadora Diguinha A Fuleira, publicaram mensagens angustiantes em suas redes sociais, informando o desaparecimento do jovem desde a noite anterior. Em seus stories, Diguinha expressou preocupação com a falta de contato do irmão: “Desde ontem que esse menino sumiu. Não responde, dá notícia, a namorada dele não tá online. Eu tô louca”, desabafou.
À medida que a situação se agravava, rumores começaram a circular sobre uma suposta perseguição policial. “Rolou tá rolando aqui umas conversas […] disseram que ele se acidentou, disseram que ele foi preso”, continuou Diguinha. Em menos de uma hora, a desconfiança se transformou em acusações quando a influenciadora afirmou que seu irmão havia sido atingido por tiros de policiais: “Meu irmão não era bandido seus lixos”, disparou.
Acusações de violência policial
Os relatos de Diguinha revelaram um clima de desespero e indignação. Ela alegou que o caso tratou-se de uma abordagem violenta e não justificável pela polícia. Segundo a influenciadora, o conteúdo do Instagram do jovem estava sendo monitorado, afirmando: “Tavam de olho no Instagram dele, pra onde ele ia, até que vcs deram um tiro nele”. A situação se tornou ainda mais grave quando ela comunicou que a namorada do influenciador, identificada como Estherzinha, também foi ferida durante o incidente.
Defendendo o caráter do irmão, Diguinha afirmou que ele era um jovem querido na comunidade e nunca esteve envolvido com atividades criminosas. “Ele não queria ajudar todo mundo. Todo mundo que chegava, pedia ajuda e ele tava lá”, ressaltou. A mãe do influenciador, Marlene Fernandes, também se manifestou em vídeo, expressando sua dor e a busca por esclarecimentos sobre o ocorrido: “Eu só vi a foto. E os policiais lá perto dele”, disse.
Divergências nas versões dos eventos
A família do influenciador contestou a versão inicial divulgada pela polícia, que alegava que o jovem teria fugido. A irmã frisa: “Fuga não, eles não pediram nem pra ele parar e já meteram tiro nele”. Ela relatou que, apesar de já ter sido abordado anteriormente por motivos relacionados a manobras com motos, o jovem era um cidadão comum, sem envolvimento com o crime.
Versão da Polícia Militar do Ceará
A Polícia Militar do Ceará se pronunciou oficialmente sobre o caso, afirmando que a intervenção ocorreu em resposta a um ameaça envolvendo ocupantes de uma motocicleta. A corporação explicou que uma equipe avistou um casal em atitude suspeita e, ao tentar abordá-los, o condutor da moto teria efetuado disparos em direção à equipe policial. A PM alegou que respondeu a essa agressão em legítima defesa.
O incidente culminou em uma colisão da motocicleta contra o meio-fio, onde o influenciador, com apenas 18 anos, não resistiu aos ferimentos. A jovem que o acompanhava, de 16 anos, foi levada ao hospital sob supervisão policial. A PM informou ter apreendido um revólver calibre .38, além de relatar um histórico de comportamento infracional do influenciador.
Questões levantadas pela comunidade
A morte do “Cearense do Grau” não apenas deixou uma família de luto, mas também levantou uma série de questões sobre a abordagem policial, o uso da força e a necessidade de reformas nas práticas de segurança pública. A indignação nas redes sociais e entre os seguidores do influenciador se intensifica, clamando por justiça e uma revisão de protocolos de policiamento que visam garantir a segurança de todos.
À medida que mais informações surgem, a família do influenciador já anunciou que buscará esclarecimentos formais sobre o caso, enquanto a comunidade clama por mais transparência e responsabilidade pelas ações policiais. A tragédia está longe de ser um evento isolado, refletindo um padrão preocupante de violência e abuso de poder que ainda assola diversas regiões do Brasil.


