No último dia 20 de novembro, um incêndio na Zona Azul da COP30, em Belém, no Pará, gerou preocupações sobre a segurança do evento, além de discussões sobre a responsabilidade das Nações Unidas. O ministro do Turismo, Celso Sabino (União), em recente entrevista ao portal Poder360, não hesitou em atribuir à ONU a culpa pelo ocorrido, questionando a eficácia da segurança e a rapidez na resposta ao alarmar sobre o fogo.
Falhas na segurança da COP30
De acordo com o ministro, a situação se agravou quando um expositor conseguiu entrar no pavilhão com um forno de micro-ondas, o que não estava previsto nas estruturas de segurança planejadas. “Se não fosse esse planejamento e essa preocupação prévia, nós poderíamos estar vendo ali uma grande tragédia”, declarou Sabino, referindo-se ao histórico incêndio na boate Kiss, que teve consequências devastadoras em 2013.
O governo do Pará revelou que o incêndio pode ter sido iniciado devido a um curto-circuito no micro-ondas, embora o próprio ministro tenha sugerido que o fogo poderia ter surgido de um celular conectado à tomada. “Houve uma falha na fiscalização”, afirmou, referindo-se ao controle de segurança que deveria ter evitado a entrada de aparelhos não autorizados no espaço restrito da conferência.
Reação ao incêndio
O incêndio começou em uma área restrita e rapidamente se espalhou, mas foi controlado em cerca de seis minutos. Apesar da rapidez na contenção, a estrutura do Pavilhão da África Oriental foi seriamente afetada, apresentando buracos no teto e outros danos. “A estrutura foi feita com material antichamas, mas a rapidez na resposta é um reflexo de que o planejamento foi eficaz”, defendeu Sabino, em resposta ao incidente.
As imagens capturadas por presentes mostraram o início do incêndio, mas a não ativação dos alarmes e a demora em acioná-los foram notáveis, com o ministro ressaltando que este foi um ponto crítico da operação de segurança da ONU no evento. “Tinha um botão de alarme à disposição e não foi acionado”, lamentou.
Investigação em andamento
A Polícia Federal está investigando as causas exatas do incêndio, e o ministro acredita que os resultados da investigação indicarão falhas na segurança, especificamente em relação à entrada do micro-ondas e a capacidade dos seguranças de reagir adequadamente à situação de emergência. “Esperamos que os resultados cheguem rapidamente para que possamos esclarecer a situação”, completou Sabino.
Os danos do incêndio resultaram em 27 pessoas necessitando de atenção médica, principalmente por inalação de fumaça e crises de ansiedade, mas, felizmente, não houve queimaduras graves registradas.
Repercussão do incidente
O incêndio é considerado um evento inédito em 30 anos de conferências da ONU sobre clima, como destacou Claudio Angelo, coordenador do Observatório do Clima. “Nunca houve, em 30 anos de Convenção do Clima, uma Zona Azul pegando fogo”, comentou, ressaltando a gravidade da situação e as repercussões que isso pode ter nas relações entre a ONU e o governo brasileiro.
A COP30, apesar do incidente, ainda mantém suas funções como um espaço de discussão sobre questões climáticas, mas a confiança na segurança do evento está sendo seriamente questionada. Com investigações em andamento e um plano de segurança que pode necessitar de revisão, espera-se que o governo tome medidas adequadas para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro.
Às 20h40 do dia do incidente, o acesso ao Pavilhão foi restabelecido, após a confirmação de que as condições para operação estavam normalizadas. Contudo, a experiência deixou uma marca significativa na percepção pública sobre a segurança e a preparação de grandes eventos do tipo, num momento ainda tão delicado em termos de medidas preventivas.


