O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participará nesta terça-feira de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para explicar um acordo com Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC, envolvendo um processo administrativo. Também estará presente Ricardo Saadi, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que será questionado sobre o uso das “contas bolsão” por fintechs.
Detalhes do acordo do Banco Central com Campos Neto
O BC celebrou um termo de compromisso com Campos Neto em junho para encerrar um processo administrativo aberto durante sua gestão. O caso investigava falhas no acompanhamento de operações de câmbio realizadas enquanto Campos Neto era executivo do Banco Santander. Ao assinar o documento, ele se comprometeu a pagar R$ 300 mil ao BC e a não repetir a prática, além de corrigir irregularidades e indenizar prejuízos, se necessário.
Contexto do termo de compromisso
Segundo o documento, o acordo é válido para infrações consideradas não graves, e que não ameaçam a liquidez ou solvência de instituições financeiras sob supervisão do BC. O Santander afirmou, em nota divulgada no início deste mês, que assinou o compromisso com o objetivo de melhorar seus controles internos de câmbio. A instituição destacou que o acordo não envolve reconhecimento de infração ou penalidade, reforçando seu compromisso com a conformidade.
Questionamentos ao ex-presidente Campos Neto e ao BC
Enquanto Galípolo será questionado sobre o acordo, Campos Neto, atualmente na gestão do Nubank, não comentou o assunto até o momento. Procurado em novembro, ele não se posicionou oficialmente. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que preside a CAE, convidou os dois por requerimentos para esclarecer esses temas.
Uso de contas bolsão por fintechs e ações criminais
O presidente do Coaf também será questionado sobre as “contas bolsão”, normalmente abertas por fintechs menores junto a bancos maiores para reunir recursos diversos de clientes sem autorização legal. Essas contas podem ser usadas para ocultar valores e beneficiários, dificultando o monitoramento por autoridades. Em agosto, reportagem do GLOBO revelou que facções criminosas utilizavam esse instrumento para movimentar dinheiro ilícito.
Após a denúncia, houve a deflagração da Operação Carbono Oculto, que identificou esquema bilionário de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis envolvendo fundos de investimentos e fintechs. O uso indevido do sistema financeiro foi uma das preocupações levantadas na audiência do Senado.
Próximos passos e expectativas
A audiência na CAE busca esclarecer os fatos e reforçar o compromisso do BC e do Coaf com a transparência e o combate às operações ilegais. A expectativa é que as explicações contribuem para o fortalecimento das políticas de supervisão e controle do sistema financeiro nacional. O Senado também analisará medidas para aprimorar o monitoramento de contas de alta movimentação.
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