As empresas têm um papel cada vez mais relevante na transformação e gestão das cidades, indo além do foco econômico e contribuindo para o planejamento urbano. Segundo Danaê Fernandes, urbanista e especialista em trânsito, a colaboração entre setor público e iniciativa privada é fundamental para alcançar um urbanismo de qualidade. “Só acredito que o planejamento urbano será bem-sucedido se houver parceria com a iniciativa privada”, afirma Fernandes.
Parcerias entre setor público e privado no urbanismo
De acordo com Rogério Cardeman, doutor em Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro, estabelecer parcerias entre órgãos públicos e empresas pode acelerar projetos e ampliar recursos. “Tudo flui mais rápido quando a iniciativa privada participa ativamente das transformações urbanas”, avalia o especialista.
Projetos colaborativos: exemplo da Rua Uberabinha em São Paulo
Em São Paulo, o Insper assinou um Acordo de Cooperação com a Prefeitura para requalificar a Rua Uberabinha, na Vila Olímpia. O projeto visa criar um ambiente mais acolhedor, promovendo melhorias na infraestrutura, como a substituição de calçadas e a instalação de travessias elevadas para pedestres, sem privatizar espaços públicos. A ação busca beneficiar tanto a comunidade interna da faculdade quanto moradores e trabalhadores da região.
Impacto das decisões empresariais na mobilidade urbana
O exemplo da XP, que planejou uma sede em São Roque com um campus inspirado no Vale do Silício, demonstra as dificuldades de mobilidade e infraestrutura de transporte na implementação de grandes projetos privados. A cidade, a 52 quilômetros de São Paulo, apresenta desafios de acesso que inviabilizaram a proposta, levando a empresa a revender o terreno em 2024. Sophia Motta, especialista em Gestão de Projetos, destaca a importância da coordenação pública para evitar projetos enviesados que não atendem às necessidades reais da população.
O papel do gestor público na coordenação de iniciativas
Embora as parcerias sejam essenciais, o planejamento urbano deve permanecer sob o controle do poder público. Rogério Cardeman reforça que o município deve atuar como gestor, negociando com empresários e garantindo que os projetos atendam ao bem comum. “O planejamento deve estar na mão do poder público, que deve abrir espaço para a inovação e a cooperação”, afirma.
Perspectivas para o futuro do urbanismo colaborativo
Segundo Sophia Motta, iniciativas colaborativas entre setor público e privado podem transformar cidades, gerando benefícios econômicos, sociais e ambientais, com menor uso de recursos públicos. Essa abordagem, quando bem administrada, fortalece a sustentabilidade urbana e melhora a qualidade de vida dos habitantes.
O estímulo à cooperação entre os atores do urbanismo é uma tendência que deve se fortalecer nos próximos anos, contribuindo para cidades mais justas, inclusivas e sustentáveis.
