Um estudo realizado por pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center mostrou que jovens adultos que se afastaram de plataformas como Facebook, Instagram, Snapchat, TikTok e X por uma semana não conseguiram reduzir o uso do celular. Pior ainda, esses participantes aumentaram seu tempo de tela em apenas 15 segundos por dia. O estudo, que acompanhou 295 jovens de 18 a 24 anos, levantou questões sobre a eficácia da desintoxicação digital e o impacto nas atividades ao ar livre.
Os resultados da pesquisa
A pesquisa, publicada na revista JAMA Network Open, monitorou o comportamento dos participantes usando sensores de smartphone ao longo de uma semana, evitando a dependência de relatos subjetivos. Os dados revelaram que, embora o uso de redes sociais tenha diminuído em média 9 horas por semana, outras formas de interação digital continuaram, com um aumento de 43 minutos por dia passados em casa.
O impacto nas redes sociais
Dos participantes que tentaram a desintoxicação, 68% continuaram a usar o Instagram e 49% mantiveram o uso do Snapchat, os dois sendo os mais difíceis de abandonar. Por outro lado, Facebook e X mostraram os maiores índices de descontinuação, com 73% e 82%, respectivamente. Essa discrepância sugere que a natureza das redes sociais pode influenciar a dificuldade em se desligar delas. Enquanto Instagram e Snapchat se concentram em conexões diretas e relacionamentos, TikTok oferece entretenimento mais passivo, facilmente substituível.
Saúde mental e suas nuances
Apesar do aumento modesto no tempo de tela, os participantes relataram melhorias significativas na saúde mental: sintomas de depressão diminuíram em 25%, a ansiedade caiu 16% e casos de insônia reduziram em 14% ao longo da semana. Esses resultados foram especialmente notáveis entre aqueles que já enfrentavam depressão moderada.
Todavia, a solidão não apresentou melhora, um fato que ressalta a importância das redes sociais na manutenção de conexões sociais. Assim, mesmo que o tempo gasto nas telas tenha reduzido, a falta de acesso a suporte social pode ter contribuído para a persistência da solidão.
O desafio da desintoxicação digital
Os dados partiram de uma abordagem inovadora que monitorou a atividade dos jovens em tempo real, desafiando a noção de que uma desintoxicação digital resulta automaticamente em mais atividades off-line. A pesquisa mostrou que a falta de planejamento sobre como utilizar o tempo livre pode levar os jovens a manter hábitos digitais, mesmo sem as redes sociais.
O estudo destacou ainda que a contagem do tempo em redes sociais não é um indicador suficiente para prever problemas de saúde mental. Comportamentos problemáticos, como a comparação constante com outros, foram preditores mais eficazes de questões emocionais. Portanto, pesar a quantidade de tela em horas não reflete necessariamente as experiências variáveis que diferentes indivíduos podem ter.
A natureza das intervenções digitais
Embora os jovens tenham experimentado alguma melhora na saúde mental, o estudo não fornecia um plano claro sobre como preencher o tempo de desintoxicação. Os participantes podem ter migrado para plataformas de streaming, jogos móveis ou mensagens, sem alteração significativa nos hábitos de vida.
O público-alvo do estudo compreendeu predominantemente mulheres jovens (74%) e estudantes universitários (77%), o que limita a generalização dos resultados para outras populações. Além das limitações da amostra, o fiável ranqueamento de dados de auto-reflexão pode ter introduzido viés, dificultando a atribuição exata de melhorias na saúde mental apenas à desintoxicação.
Considerações finais
A pesquisa sugere que a desintoxicação digital pode não ser tão poderosa quanto se pensava. Com jovens que mantiveram sua atenção em outras plataformas digitais, iniciativas de saúde pública devem considerar não apenas a redução de horas de tela, mas a qualidade das interações nas redes. Assim, as campanhas devem avaliar formas mais eficazes de apoiar os jovens a encontrar um equilíbrio saudável em sua relação com a tecnologia.
Este artigo resume as descobertas de um estudo revisado por pares. Qualquer pessoa preocupada com sua saúde mental deve consultar um profissional qualificado de saúde, em vez de confiar apenas nas informações contidas neste artigo.
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