A Polícia Civil do Paraná está apurando os crimes de ameaça, injúria e lesão corporal no caso do deputado estadual Renato Freitas (PT-PR). No último dia 19, Freitas foi filmado em uma discussão que culminou em agressões físicas com um homem, identificado como Wesley de Souza Silva, em uma rua de Curitiba. O deputado alegou que suas ações foram em legítima defesa contra ofensas racistas e ideológicas proferidas pelo outro homem. Ambos registraram ocorrências policiais relatando o episódio, que gerou grande repercussão nas redes sociais e na política local.
Repercussão política e apoio ao deputado
A discussão e a subsequente briga chamaram a atenção de vários líderes políticos e organizações, que se posicionaram de diferentes formas sobre o caso. O presidente nacional do PT, Edinho Silva, manifestou “total apoio” a Renato Freitas, descrevendo-o como uma “liderança reconhecida na luta antirracista, por igualdade, democracia e direitos”. Silva ainda classificou o ataque ao deputado como “inadmissível e criminoso”.
Por outro lado, adversários políticos não hesitaram em pedir a cassação do petista, alegando quebra de decoro parlamentar. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) recebeu oito representações contra Freitas, que estão em processo de tramitação. De acordo com as novas diretrizes de conduta aprovadas em setembro, a análise do caso pode levar de 60 a 90 dias úteis para ser concluída.
Ministra e Partido dos Trabalhadores se manifestam
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), destacou que Freitas foi alvo de uma “evidente provocação que terminou em agressão”. Em nota de solidariedade, ela ressaltou a necessidade de não normalizar a violência política e de combater o racismo. O Partido dos Trabalhadores do Paraná também se manifestou, repudiando a agressão e denunciando o episódio caracterizado por “um ataque de ódio e intolerância”.
Polemica nas redes sociais e entre adversários
Enquanto isso, a briga se tornou um assunto polêmico nas redes sociais e um foco de ataque para adversários políticos de Freitas, como os integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). Eles, juntamente com outros perfis conservadores, usaram o incidente como munição política contra o parlamentar. Pelo menos quatro adversários, incluindo o vereador Bruno Secco (PMB) e o deputado estadual Ricardo Arruda (PL), se manifestaram pedindo a cassação do petista, alegando que o comportamento dele não condiz com o papel de um representante público.
Em uma de suas postagens nas redes sociais, Arruda expressou indignação com a situação, afirmando que o comportamento do deputado é “inaceitável” e que a política não deve ser transformada em “baderna”. O vereador Guilherme Kilter e deputado estadual Tito Barichello (União) também se manifestaram, reiterando que as ações de Freitas caracterizam uma quebra de decoro, além de lembrar de incidentes passados envolvendo o parlamentar.
Fatos da agressão e contexto social
A briga ocorreu em uma das principais vias do Centro de Curitiba, e imagens do incidente mostram Renato Freitas se envolvendo em uma discussão acalorada que rapidamente se transformou em violência. Freitas, que foi filmado com uma camisa amarela, acusou Wesley de provocações racistas. Após um empurrão inicial, o deputado respondeu com um chute, levando a uma troca de socos entre os dois homens. A RPC, afiliada à TV Globo no Paraná, reportou que o deputado acabou se ferindo e precisou receber atendimento médico devido a uma fratura no nariz.
O deputado, em vídeos que publicou posteriormente, comentou que sua reação foi motivada por questões de racismo e humilhação, refletindo a luta de muitos brasileiros negros que enfrentam preconceitos no dia a dia. Ele afirmou: “Não aprendi a baixar a cabeça” e acrescentou que estava em uma situação de provocação, o que desencadeou a briga.
Um contexto mais amplo de violência política
A agressão ao deputado não é um caso isolado, mas sim parte de um padrão mais amplo de violência política e racismo que atinge lideranças negras no Brasil. A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) apontou a gravidade do ataque, ressaltando que a violência não deve ser normalizada, especialmente quando se dirige a representantes eleitos. Ela criticou tentativas de inverter responsabilidades no caso e reforçou que o episódio acontece em um contexto de crescente violência política direcionada a negros.
Assim, a situação envolvendo Renato Freitas levanta questões importantes sobre a segurança de políticos e a luta contra o racismo no Brasil, especialmente em um momento significativo que coincide com o Dia da Consciência Negra. A continuidade desta investigação e seus desdobramentos podem influenciar a dinâmica política no Paraná e no país.



