O governo federal permanece sem uma resposta eficaz para a crise dos Correios, que apresenta prejuízos crescentes e ameaça afetar as contas públicas. Na apresentação das contas bimestrais, ontem, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, confirmou que uma negociação de empréstimo com garantia do Tesouro está em andamento, mas destacou que o rombo da estatal deve aumentar em 2026, se medidas não forem tomadas.
Empréstimo bilionário e ausência de plano de reestruturação
Segundo Durigan, o governo negocia um empréstimo de cerca de R$ 20 bilhões para os Correios, com aval do Tesouro. Contudo, até o momento, não há uma proposta definitiva de plano de reestruturação da empresa. “Se o empréstimo não for quitado pela própria estatal, o prejuízo será assumido pelos contribuintes”, alertou o secretário. O risco de agravamento em 2026 foi admitido pelo próprio governo.
Impacto das perdas dos Correios nas finanças públicas
O prejuízo do primeiro semestre dos Correios atingiu R$ 4,3 bilhões, agravando o resultado negativo de várias estatais que dependem do Tesouro. Além disso, a previsão de perdas das estatais passou de R$ 6,2 bilhões para R$ 9,2 bilhões neste ano, um aumento de R$ 3 bilhões em relação às projeções iniciais, o que levou ao contingenciamento de recursos para cumprir a meta fiscal. Historicamente, nem todas as estatais estão incluídas na conta pública; a Petrobras, por exemplo, está fora do cálculo por ser uma empresa de capital aberto.
Preocupações com a continuidade de prejuízos
Especialistas apontam que a situação dos Correios é grave demais para um tratamento de inércia. “Empresa estatal não pode acumular prejuízos sérios sem uma justificativa clara, a menos que cumpra uma função essencial”, avalia o economista João Almeida. Embora os Correios tenham uma função relevante de distribuição em regiões remotas, manter uma estatal que constantemente registra prejuízos coloca em xeque sua sustentabilidade.
Inércia do governo e perspectiva de crise maior
Enquanto isso, o secretário-executivo da Fazenda também alertou que o próximo ano deve ser ainda pior para as contas públicas. Mas, até agora, a resposta do governo tem sido complacente demais diante de um problema que cresce de forma acelerada. A falta de medidas concretas e de planos de reestruturação reforça a preocupação de que o país possa enfrentar dificuldades fiscais maiores no futuro próximo.
Contexto mais amplo das contas externas
Nas contas externas, o déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro representa uma melhora de 31% em relação ao mesmo período do ano passado, sustentada pelo superávit comercial e pagamentos ao exterior ainda elevados. Contudo, especialistas continuam atentos ao crescimento da dívida pública, que permanece em níveis elevados e sem perspectiva de estabilização, embora não indique um colapso iminente.
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