As contas externas do Brasil registraram um déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro, conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira. O resultado aponta uma melhora em relação ao déficit de US$ 7,4 bilhões de outubro de 2024, impulsionado pelo desempenho mais positivo da balança comercial.
Resultado financeiro e saldo acumulado
O déficit de outubro foi parcialmente compensado pelo saldo superavitário na balança comercial, que atingiu US$ 6,2 bilhões, quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado, quando foi de US$ 3,2 bilhões. As exportações somaram US$ 32,1 bilhões, aumento de 8,9%, enquanto as importações recuaram 1,3%, totalizando US$ 25,9 bilhões.
A combinação do aumento das vendas externas e a redução nas compras de bens importados ajudou a equilibrar o balanço comercial, que foi novamente o principal responsável por atenuar o déficit nas contas externas.
Serviços e contas de renda
A conta de serviços permaneceu pressionada, com déficit de US$ 4,4 bilhões, nível igual ao de outubro do ano passado. Apesar de melhorias em alguns itens, como transporte, outros segmentos enfrentaram aumentos expressivos, como viagens internacionais (+14,5%), serviços de propriedade intelectual (+35,6%) e telecomunicações, computação e informação (+142%).
Já a conta de renda primária teve impacto negativo maior, ao registrar um déficit de US$ 7,4 bilhões, aumento de 12,7%. Os pagamentos de juros ao exterior totalizaram US$ 2,2 bilhões, enquanto o envio de lucros e dividendos chegou a US$ 5,3 bilhões, elevando as saídas de recursos.
Investimentos e reservas internacionais
Em outubro, os investimentos diretos no país somaram US$ 10,9 bilhões, destaque do fluxo financeiro, ultrapassando os US$ 6,7 bilhões de outubro de 2024. Nos últimos 12 meses, o estoque de IDE chegou a US$ 80,1 bilhões (3,63% do PIB).
Além disso, o país recebeu ingresso líquido de US$ 3,2 bilhões em investimentos em carteira, principalmente em títulos de dívida. As reservas internacionais fecharam o mês em US$ 357,1 bilhões, aumento de US$ 521 milhões frente ao mês anterior, impulsionadas por receitas de juros e ganhos de preços.
Revisão metodológica e criptoativos
O Banco Central anunciou uma revisão na classificação dos ativos relacionados a criptoativos. Agora, operações com criptoativos sem emissor, como Bitcoin, serão registradas como ativos não financeiros, enquanto aqueles com emissor, como stablecoins, serão classificados como ativos financeiros. A mudança, alinhada às recomendações do Fundo Monetário Internacional, não altera o volume total das transações, apenas redistribui os registros entre as categorias.
Perspectivas futuras
Apesar do déficit menor em outubro, o acumulado em 12 meses ainda alcança US$ 76,7 bilhões, ou cerca de 3,48% do PIB, uma leve melhora em relação a setembro. O desempenho favorável da balança comercial deve continuar ajudando a conter o déficit, mas o aumento de gastos com serviço de dívida e repasse de lucros exige atenção dos técnicos do Banco Central.
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