No dia 22 de novembro, centenas de católicos reuniram-se em frente à instalação de detenção do ICE em Aurora, Colorado, para a oração do Caminho da Cruz liderada pelo arcebispo Samuel Aquila e pelo bispo auxiliar Jorge Rodriguez, ambos da Arquidiocese de Denver. A iniciativa, promovida pelo Comitê de Acompanhamento Pastoral para Migrantes, buscou expressar solidariedade aos imigrantes indocumentados afetados pelas deportações em massa nos Estados Unidos.
Manifesto de solidariedade e reflexão cristã
Durante a oração, Aquila ressaltou que as estações representam o amor de Deus por todos, incluindo os imigrantes e aqueles em sofrimento. “Quero agradecer a todos por participarem nesta caminhada de oração. As Estações nos lembram do amor de Deus por todas as pessoas, pelos estrangeiros, os doentes e os que precisam de nossa oração”, afirmou, conforme relato na Denver Catholic.
AquilA reforçou a importância de reconhecer a dignidade humana, que “não é concedida por governos, mas vem de Deus e de Deus apenas”. Ele também criticou ambos os partidos políticos por sua gestão da questão migratória, dizendo que “falharam terrivelmente ao tratar os imigrantes como peças de jogo político, prejudicando-os profundamente”.
A postura da Igreja Católica nos EUA
Na mesma semana, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) votou por unanimidade uma declaração que condena as deportações em massa de migrantes sem documentação legal e pede uma abordagem que preserve a dignidade de todos.
Segundo a USCCB, os bispos destacaram que “opõem-se à deportação em massa arbitrária” e que “rezam pelo fim de discursos e atos de violência desumanizantes, tanto contra imigrantes quanto contra forças de segurança”.
Reforma migratória e esperança
A Igreja também defendeu, em suas declarações, uma reforma migratória que ofereça caminho à legalização de imigrantes sem documentos há anos residentes nos EUA, muitas vezes conhecidos por suas contribuições à sociedade. Aquila comentou que “muitos vivem aqui há décadas em paz, e precisam de uma oportunidade de regularização”.
Ele criticou o sistema político, afirmando que “a política tem prejudicado o conceito de dignidade humana, priorizando interesses partidários em detrimento dos direitos de milhares de pessoas”.
Perspectivas e próximos passos
Em sua última mensagem, Aquila incentivou a continuidade do trabalho pela justiça e pela misericórdia, convocando os fiéis a testemunharem a dignidade de cada pessoa. “Vamos continuar lutando pelos imigrantes e proclamando Jesus Cristo, mesmo diante de obstáculos. Que Deus abençoe a todos vocês pelo compromisso de defender os mais vulneráveis”, concluiu, reforçando a relevância da atuação da Igreja na atual crise migratória.
A manifestação acontece em um momento em que debates sobre a reforma migratória nos Estados Unidos permanecem intensos, com propostas que ainda enfrentam resistência no Congresso e na sociedade. A Igreja Católica continua a ser uma voz ativa no reconhecimento da dignidade e dos direitos dos imigrantes, buscando promover políticas mais humanas e justas.


