O músico brasileiro Ivo Silva de Souza recebeu uma ordem para deixar Portugal em 20 dias após sofrer agressões em Lisboa, mas conseguiu recorrer. No entanto, ele relata estar impedido de viajar para o Brasil devido à demora na análise de seu processo de imigração, que já dura quase um ano. A situação evidencia o caos na burocracia de imigração no país.
Recurso e lentidão no processo de imigração
Ivo foi o primeiro brasileiro a receber notificação oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP) para abandonar Portugal em janeiro passado. Após recorrer, conseguiu permanecer, mas informações indicam que seu caso ainda está sob análise pela AIMA (Autoridade de Imigração e Fronteiras), além do prazo estipulado de 120 dias, que terminou em setembro.
“Quando completou 120 dias, enviaram um e-mail dizendo que ainda estavam em análise e que até outubro seria resolvido. Mas até agora, nada mudou”, afirma Ivo ao Portugal Giro. Ele explica que a demora impede que visite seus pais no Brasil e que sua vida aqui está cada vez mais difícil devido à ausência de documentação.
Implicações da demora e a agressão sofrida
Na entrevista, Ivo descreveu o impacto emocional e prático da situação. Sem autorização de residência, ele afirma estar impossibilitado de realizar atividades básicas, como abrir uma conta bancária ou acessar o Sistema de Saúde, além de não conseguir trabalhar oficialmente como músico.
O violento episódio que resultou na ordem de saída ocorreu em 5 de janeiro, em Lisboa. Segundo ele, foi vítima de xenofobia e de agressões por parte de portugueses e da polícia local. A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou a notificação de saída no dia 20 daquele mês, em meio a uma onda de notificações semelhantes a outros brasileiros no país.
Reações e perspectivas
Ivo aponta o descaso das autoridades portuguesas e do governo brasileiro na resolução de seu caso. “Sinto que estou sendo vítima de uma continuação da agressão que sofri na rua. Mesmo tendo vindo de forma responsável, estudo, organizo minha vida, e já faz um ano e oito meses que estou aqui sem regularizar minha situação.”
Ele reforça que a situação só piora a sua condição emocional e impede uma vida digna em Lisboa. “Sem documentos, não consigo trabalho fixo, abrir conta ou mesmo ver meus pais no Brasil. É uma injustiça com quem veio construir uma vida de forma respeitosa.”
Até o momento, a Agência de Imigração em Portugal (AIMA) não se pronunciou oficialmente sobre o andamento do processo de Ivo. Procurada, a instituição não respondeu às tentativas de contato.
Fonte: O Globo – Portugal Giro


