Brasil, 25 de novembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

A crescente dependência do cannabis: consumidores enfrentam desafios

Miguel Laboy, um aposentado de 75 anos, relata a luta contra a dependência de cannabis em meio à crescente aceitação do uso da substância nos EUA.

No contexto da legalização e comercialização da cannabis, muitos usuários têm enfrentado uma nova realidade: a dificuldade em reduzir ou interromper o consumo da substância. Miguel Laboy, de 75 anos, residente em Brookline, Massachusetts, exemplifica essa situação. Ele fuma um baseado todas as manhãs com seu café e expressa seu desejo de um dia conseguir acordar sem depender da cannabis. “Você sabe o que me incomoda? Ter a cannabis na minha mente como a primeira coisa pela manhã”, reflete Laboy, que se vê preso em um ciclo difícil de quebrar.

Com o aumento da venda de produtos de cannabis de alta potência, a linha entre alívio e dependência tornou-se cada vez mais tênue. Pesquisadores observam que, desde 2022, o número de usuários diários de cannabis nos EUA superou o de consumidores diários de álcool, um sinal claro das mudanças nos hábitos norte-americanos. Os produtos disponíveis incluem óleos e concentrações que contêm até 95% de THC, enquanto muitos consumidores desconhecem os riscos associados a essa substância.

Como o hábito se transforma em dependência

De acordo com profissionais de saúde, o uso diário de produtos de alta potência pode afetar a memória, perturbar o sono e intensificar a ansiedade, além de levar à dependência. Muitos usuários que desenvolvem um transtorno por uso de cannabis têm dificuldade em reconhecer os sinais, uma vez que a sociedade ainda carrega a ideia generalizada de que a maconha não causa adição. As consequências geralmente surgem lentamente, manifestando-se como irritabilidade e dependência, dificultando o reconhecimento da transição de uso terapêutico para compulsão.

Laboy, um ex-chef, percebeu que seu consumo de cannabis se tornou compulsivo. Após se aposentar, ele começou a usar cartuchos de vaporizador com 85% de THC, o que potencializou seus sintomas de depressão e solidão, levando-o a buscar apoio psicológico. “A medicina não parece ainda estar equipada para ajudar”, lamenta. A batalha de Laboy contra a dependência da cannabis ilustra as dificuldades enfrentadas por muitos ao tentar se desvincular da substância, especialmente em um cenário onde a informação sobre o uso seguro ainda é escassa.

Confusão e ajuste na nova normalidade

O panorama se torna ainda mais complexo com a experiência de jovens usuários, como Kyle, um estudante universitário de 20 anos que utiliza a cannabis para lidar com ataques de pânico. Kyle relata que o uso da substância inicialmente proporcionava alívio; no entanto, ele agora se vê lutando para encontrar clareza mental quando está sóbrio. “O que antes era uma ajuda agora se tornou uma dependência, algo que sinto difícil de escapar”, diz ele.

Para muitos, a maconha lhes oferece um alívio temporário, mas também cria um ciclo vicioso, onde a dependência se torna “a nova normalidade”. Esse sentimento de desconexão leva a um delicado equilíbrio entre o uso recreativo e a compulsão, levando a uma realidade onde o desejo de parar é comum. A conversa sobre a legalização da maconha, frequentemente ligada à justiça social, não contempla os riscos ambientais da substância.

Buscando apoio na comunidade

Iniciativas de apoio, como a comunidade r/leaves no Reddit, reúnem mais de 380 mil membros que buscam cortar ou reduzir seu consumo de cannabis. Muitos usuários compartilham experiências semelhantes de luta e isolamento, buscando ajuda e compreensão em um mundo que frequentemente glorifica o uso da cannabis, enquanto subestima seus riscos. “Quando se fala em legalizar uma droga, na verdade, fala-se em comercializá-la”, comenta Dave Bushnell, fundador do grupo Reddit.

O papel dos profissionais de saúde

Médicos, como o Dr. Jordan Tishler, enfatizam que a cannabis, embora possa ser um tratamento promissor, não é isenta de riscos. Produtos com altos níveis de THC podem, na verdade, exacerbar os sintomas de ansiedade em alguns pacientes, e a falta de orientação adequada sobre o uso seguro continua a ser um grande desafio. “Os adultos devem ter a liberdade de tomar suas próprias decisões, mas é crucial entender os riscos”, afirma o Dr. Kevin Hill, especialista em distúrbios por uso de cannabis.

Conforme o diálogo sobre o uso de cannabis evolui, é essencial que o conhecimento dos riscos colida com sua aceitação social, para que assim o verdadeiro potencial terapêutico da maconha possa ser explorado de maneira segura e consciente.

Com o cenário em constante mudança, a expectativa é que tanto a sociedade quanto a profissão médica estejam mais preparadas para acolher e apoiar aqueles que enfrentam os desafios da dependência de cannabis nos anos que vêm pela frente.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes