A Igreja Católica na África enfrenta uma onda crescente de violência, com sequestros de estudantes e sacerdotes, além de ameaças de fechamento de paróquias devido às ações de grupos armados. Na Nigéria, 265 estudantes continuam em poder de criminosos após um sequestro na semana passada, enquanto no Camarões, o arcebispo de Bamenda ameaça fechar paróquias se o padre sequestrado não for libertado até o dia 26 de novembro.
Sequestro de estudantes na Nigéria e resposta da Diocese
Na Diocese de Kontagora, o bispo Bulus Dauwa Yohanna confirmou que “quase todos os 315 alunos inicialmente capturados permanecem nas mãos dos sequestradores”, sendo 239 crianças, 14 estudantes do ensino médio e 12 membros do staff da escola. Segundo ele, 50 menores conseguiram fugir após o ataque, ocorrido na última semana, e retornaram às suas famílias, com esforços em andamento para localizar os demais.
Yohanna ressaltou que os criminosos “buscam ganhos ilícitos por meio de resgates”, e a situação reforça a vulnerabilidade da comunidade católica diante da crescente violência no país. A instituição escolar, que atende 630 alunos nas fases primária e secundária, tornou-se símbolo do impacto do conflito nas crianças e no funcionamento das escolas na região.
Ameaça de fechamento de igrejas em Camarões
Na cidade de Bamenda, o arcebispo Andrew Nkea Fuanya anunciou que, caso o padre John Berinyuy Tatah, sequestrado por homens armados em 15 de novembro, não seja libertado até 26 de novembro, as igrejas do distrito serão fechadas. A medida visa pressionar os sequestradores a libertarem o sacerdote, que também é v pegado junto ao seu vigário.
Segundo informações da agência Fides, o arcebispo explicou que, se o padre permanecer em cativeiro, todas as instituições religiosas da região Ndop serão encerradas, com sacerdotes sendo evacuados e o Santíssimo Sacramento removido das igrejas. Caso o sequestro se prolongue, uma marcha até a aldeia onde ele está detido será organizada para resgatá-lo, até que seja libertado.
Contexto e denúncia de violações
As ações dos separatistas armados, que proclamaram a “República da Ambazônia” na região norte do Camarões anglófono, incluem ataques constantes contra comunidades religiosas e civis, além de sequestros de sacerdotes e líderes pastorais. O bispo Nkea condenou veementemente essas ações, ressaltando que a situação exige intervenção urgente das autoridades para pôr fim às violações contra a população.
Perseguição e reação internacional
Após os eventos na Nigéria, o bispo Robert Barron, de Winona-Rochester, nos Estados Unidos, afirmou que “a perseguição aos cristãos é real e deve ser enfrentada.” Ele citou dados de que, nos últimos 10 anos, aproximadamente 100 mil cristãos foram assassinados na África, e muitas igrejas foram incendiadas, causando deslocamento de comunidades.
“Apesar dos motivos diversos, o que importa é que nossos irmãos e irmãs na fé estão sendo brutalmente perseguidos”, salientou Barron, apelando às comunidades cristãs globais que se unam em oração, denúncia e atuação junto às autoridades para proteger os perseguidos.
Chamado à calma e à oração por parte da Igreja
A Diocese de Kontagora destacou seu compromisso com a recuperação dos sequestrados e reforçou a necessidade de manter a calma e intensificar as orações. Já o arcebispo Nkea pediu às autoridades que ajam rapidamente para libertar o padre e todo sequestrado, além de denunciar os abusos constantes contra a população civil e os religiosos.
A situação, mais uma vez, evidencia o grave desafio de segurança enfrentado pela Igreja na África, que além de uma crise humanitária, transforma-se em uma luta por direitos e pela preservação da liberdade religiosa no continente.


