Brasil, 25 de novembro de 2025
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Risco de fuga após tornozeleira complica Bolsonaro, mas saúde será decisiva

Juristas analisam a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, em que saúde e risco de fuga impactam pedido de prisão domiciliar.

A situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi recentemente privado da prisão domiciliar, é cercada de desafios legais e de saúde. Especialistas em Direito consultados pelo GLOBO avaliam que, embora o risco de fuga seja uma preocupação real, o estado de saúde de Bolsonaro pode ser um fator determinante para futuros pedidos de cumprimento de pena em casa. Suas condições de saúde são, portanto, fundamentais no cenário atual da justiça brasileira.

Contexto da prisão de Bolsonaro

Jair Bolsonaro estava sob prisão domiciliar desde o início de agosto, após violar medidas cautelares impostas em um inquérito anterior que o proibiam de realizar postagens em redes sociais. Sua situação se agravou no último sábado, quando o ministro Alexandre de Moraes decidiu convertê-la em prisão preventiva na superintendência da Polícia Federal em Brasília, alegando risco de fuga. Esse movimento gerou uma nova dinâmica em sua defesa legal.

A saúde como fator crucial em pedidos de prisão domiciliar

O professor Thiago Bottino, especialista em Direito Penal pela FGV Direito Rio, afirma que o estado de saúde de Bolsonaro é o que pode eventualmente garantir sua volta ao regime domiciliar. “O descumprimento repetido de medidas judiciais diminui a confiança do juiz, mas a questão da saúde pesa muito”, disse. A legislação permite que presos com debilitações de saúde cumpram penas em casa, desde que seja comprovada a gravidade de sua condição.

Segundo Bottino, laudos médicos que atestem a fragilidade da saúde de Bolsonaro serão fundamentais. “Se houver um laudo médico dizendo que há risco de morte na prisão, qualquer juiz pode decidir pela prisão domiciliar”, afirmou. Neste caso, a segurança em torno da residência do ex-presidente precisaria ser intensificada para assegurar o cumprimento da pena.

Impacto da tornozeleira eletrônica danificada

A defesa de Bolsonaro enfrenta um desafio adicional: o dano propositado na tornozeleira eletrônica, que ele admitiu ter causado ao utilizar solda, pode ser visto como uma tentativa de evasão. O advogado criminalista Fernando Hideo argumenta que essa ação constitui um “fundamento legítimo para a decretação de prisão preventiva”, mas que não deve interferir na possibilidade de prisão domiciliar em avaliação futura.

Para que qualquer alteração no regime de cumprimento da pena seja aprovada, a defesa precisará comprovar uma condição médica séria e que o sistema prisional carece de infraestrutura para fornecer o tratamento adequado. Os juristas enfatizam que a simples alegação de confusão mental precisa ser respaldada por provas concretas para ser levada a sério.

Desafios para a defesa de Bolsonaro

A defesa do ex-presidente está à procura de abrir espaço para que o pedido de prisão domiciliar seja reconsiderado. Sua argumentação gira em torno de alegações de “confusão mental” resultante da medicação que Bolsonaro utiliza, condição que alega ter influenciado sua decisão de danificar a monitoração eletrônica. A estratégia inclui o pedido para que um laudo médico oficial, preferencialmente de médicos designados pelo Estado, possa atestar a realidade da saúde do ex-presidente, em vez de laudos de médicos particulares.

Outro ponto a ser considerado é a necessidade de um laudo que comprove que o ato de danificar a tornozeleira não foi premeditado. Segundo a análise da mestre em Direito Penal Jacqueline Valles, a violação comprometia um elemento básico do cumprimento da pena em domiciliar, mas a alegação de confusão mental pode ser um ponto a ser considerado, desde que embasada em evidências consistentes.

O professor de Direito Penal e Criminologia Daniel Raizman adverte que qualquer sustentação da defesa deve ser robusta, uma vez que as provas de incapacidade mental precisam ser substanciais o suficiente para demonstrar que o ex-presidente não tinha controle sobre suas ações no momento do ato de dano.

A expectativa e o cenário futuro

Os próximos passos no caso de Jair Bolsonaro envolvem análise detalhada do estado de saúde e da possibilidade de um pedido de perícia médica. O clima de incerteza é palpável, não apenas para o ex-presidente, mas também para o sistema judiciário e a sociedade brasileira, que acompanha de perto o desdobramento desta intricada situação legal.

As decisões futuras deverão equilibrar o rigor da justiça com a compaixão pelas condições de saúde do réu, um desafio que realça a complexidade do sistema judiciário brasileiro diante de figuras públicas controversas.

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