Se depender da vontade popular, os planos da cidade de Berlim para sediar os Jogos Olímpicos de 2036 podem estar com os dias contados. Uma recente pesquisa de opinião encomendada pelo jornal Tagesspiegel indica que 67% da população se opõe à ideia, um número que mostra a resistência organizada de setores da sociedade civil.
O movimento contra a candidatura ganhou força não apenas entre os cidadãos, mas principalmente com a declaração do grupo “NOlympia”, que busca convocar um referendo para enterrar de vez a proposta. Esta coalizão já anunciou que suas estratégias incluem a mobilização da população para garantir que sua voz seja ouvida nas urnas.
Apoio e oposição à ideia de sediar os Jogos
A pesquisa revelou que apenas 27% dos entrevistados apóiam a ideia de Berlim como sede dos Jogos Olímpicos, com 6% dos participantes indecisos. Os planos de candidatura foram anunciados em maio de 2023, com a Prefeitura de Berlim deixando claro que, caso não consiga aprovar a candidatura para 2036, considerará novas tentativas para os Jogos de 2040 ou 2044.
O porta-voz da coalizão “NOlympia”, Gabriele Hiller, afirma que um referendo pode não ocorrer antes de 2027, quando o Comitê Olímpico Alemão (DOSB) anunciar oficialmente a candidatura, mas a expectativa é que a população rechaça a ideia. “Se Berlim for escolhida e depois rejeitada pela população, a candidatura seria anulada”, destacou Hiller.
Os críticos da proposta temem que a realização dos Jogos traga altos custos para os cofres públicos e ainda impacte o já saturado mercado imobiliário da capital. Cidades como Munique e Hamburgo também estão sendo consideradas como possíveis candidatas, mas, diferentemente de Berlim, só seguirão adiante se obtiverem o apoio prévio da população.
História e propostas para 2036
Vale lembrar que Berlim já sediou os Jogos Olímpicos em 1936, sob o regime nazista de Adolf Hitler. No entanto, as autoridades agora propõem uma edição dos Jogos totalmente diferentes do aspecto militarista que marcou o evento há quase 100 anos. Entre as propostas, estão a realização de partidas de vôlei de praia em frente ao Portão de Brandemburgo e eventos de skate no antigo aeroporto de Tempelhof.
Outras ideias incluem utilizar a Ilha dos Museus como ponto de partida da maratona e a Ponte Glienicke como parte do percurso para competições de ciclismo e triatlo. Os organizadores afirmam que 90% das estruturas necessárias para sediar os Jogos já estão prontas, uma vez que o foco é na renovação e não na construção de novos equipamentos.
O prefeito de Berlim, Kai Wegner, defende que a pré-candidatura representa uma oportunidade para mostrar uma cidade que mudou nos últimos 100 anos: “Não defendemos mais a exclusão e o ódio. Somos uma metrópole colorida e diversificada, aberta para o mundo”, disse Wegner.
Histórico de derrotas em referendos
Vale lembrar que a história de Berlim e outras cidades alemãs demonstra que iniciativas de candidatura a Jogos Olímpicos não são novas. Em 2015, a cidade de Hamburgo viu seus planos para sediar os Jogos de 2024 serem bloqueados por um referendo popular, e o mesmo ocorreu com Munique na tentativa de sediar os Jogos de Inverno de 2022.
À medida que o debate sobre a pré-candidatura de Berlim ganha força, fica claro que a voz da população será crucial para decidir o futuro da capital como sede dos Jogos Olímpicos em 2036.


