Quase 15 anos depois de protagonizarem um dos episódios mais emblemáticos do Campeonato Brasileiro, Fluminense e Palmeiras voltam a se enfrentar em uma rodada decisiva — mas agora com os papéis completamente invertidos. Em 2010, quando o título era disputado ponto a ponto entre Fluminense e Corinthians, o Palmeiras entrou em campo pressionado não pela tabela, mas pela própria arquibancada. O time alviverde, que terminaria aquele Brasileirão em 10º lugar com 50 pontos, não brigava por mais nada na penúltima rodada e, por isso, viu sua torcida fazer campanha aberta para que a equipe “entregasse” o jogo ao Tricolor para prejudicar o rival paulista.
O episódio de 2010 que ficou na memória
Na Arena Barueri, a torcida do Palmeiras não só demonstrou apoio ao Fluminense como direcionou aos próprios jogadores músicas como “Se o Fluminense não ganhar, olê olê olá, o pau vai quebrar”. Quando o alviverde abriu o placar com Dinei, o gol não foi comemorado. Ao contrário: o atacante foi vaiado pela própria torcida, que respondeu com um coro de xingamentos ao seu nome. A postura dos palestrinos irritou profundamente o técnico Luís Felipe Scolari.
Na coletiva, Felipão classificou como “ridículo” o comportamento de parte da arquibancada. Segundo ele, “independe de quem vai ser o favorecido, não me interessa”, nada justificava a torcida se voltar contra o próprio time. O jogo terminou 2 a 1 para o Fluminense, que deu mais um passo rumo ao título conquistado na rodada seguinte, no Estádio Nilton Santos, após vitória sobre o já rebaixado Guarani.
O reencontro em 2025 e as novas circunstâncias
Agora, em 2025, a história se reencontra, mas de forma invertida. Uma derrota do Fluminense diante do Palmeiras neste sábado (22), no Allianz Parque, atrapalha o Flamengo na corrida pelo título, enquanto uma vitória tricolor pode representar justamente o contrário: um impulso ao maior rival na reta final da disputa pela taça. O Palmeiras, que tem 69 pontos, chega a 72 em caso de vitória e pode ultrapassar o Flamengo — assumindo a liderança a três jogos do fim — se os rubro-negros perderem no Maracanã. Se vencer, o Flamengo vai a 74 pontos e pode abrir até cinco de vantagem para o rival alviverde, restando apenas nove em disputa.
O dilema, desta vez, está na torcida tricolor. Diferente do Palmeiras de 2010, o Fluminense não tem liberdade para flertar com a derrota. O time das Laranjeiras precisa vencer por causa da briga aberta com o Botafogo por uma vaga direta na Libertadores do ano que vem. O Fluminense entra em campo em sexto lugar, na porta do G5, com 54 pontos — apenas um atrás do Botafogo, que enfrenta o Grêmio às 19h30, no Estádio Nilton Santos, também neste sábado.
Reações da torcida e a pressão do momento
O debate tomou conta das redes sociais ao longo da semana. Palmeirenses lembram do apoio que deram ao Fluminense em 2010, enquanto a torcida tricolor se divide entre quem defende a vitória a qualquer custo e quem admite desconforto com a possibilidade de favorecer o Flamengo. Do outro lado, rubro-negros vivem clima de alerta duplo: acompanham com nervosismo o que pode acontecer no Allianz Parque e, ao mesmo tempo, voltam as atenções para o Maracanã, onde o time enfrenta o Red Bull Bragantino no mesmo horário.
Mas, assim como ocorreu com o Palmeiras em 2010, a comissão técnica e os jogadores do Fluminense não trabalham com dilemas externos. Internamente, a orientação é clara: entrar para vencer, focados exclusivamente nos interesses do clube e deixando o folclore e as provocações históricas apenas para a arquibancada.
Dessa forma, o reencontro entre Fluminense e Palmeiras se torna muito mais do que um jogo: é um capítulo importante para a história do Campeonato Brasileiro, onde rivalidades e torcidas se entrelaçam, reacendendo debates e paixões que atravessam gerações.
