As negociações climáticas da COP30, que ocorrem em Belém e envolvem mais de 190 países, foram oficialmente prorrogadas na noite de ontem, após duas semanas de diálogos infrutíferos. O impasse gira em torno das questões de petróleo, gás e carvão, essenciais para o avanço das agendas climáticas globais.
Desafios enfrentados na COP30
A cúpula, que começou no dia 10 de novembro, viu o clima de incerteza aumentar quando a União Europeia, pressionada a oferecer garantias aos países em desenvolvimento, considerou a possibilidade de deixar Belém “sem um acordo”. Para especialistas, isso representaria uma derrota significativa para esta primeira conferência climática da ONU na Amazônia.
As discussões em torno dos combustíveis fósseis
As negociações deram ênfase à minuta de acordo proposta na manhã de ontem, que levantou críticas por omitir a menção aos “combustíveis fósseis”. Essa omissão é considerada inaceitável por muitos, especialmente pelos 80 países que demandam a criação de um “roteiro” para a eliminação gradual desses combustíveis. Países como Colômbia e outros europeus se posicionaram veementemente contra o texto apresentado.
A posição crítica dos países em desenvolvimento
O Comissário Europeu para a Ação Climática, Wopke Hoekstra, expressou sua preocupação em relação ao futuro das negociações, afirmando que “estamos realmente diante de um cenário sem acordo”. A resistência vem principalmente da Índia, Arábia Saudita e Rússia, além de economias emergentes, que tecem um cenário complexo e desafiador em meio às tentativas de alinhamento.
Além da questão dos combustíveis fósseis, a ajuda financeira e técnica para os países mais pobres está em pauta, e algumas nações desenvolvidas ainda demonstram relutância em abrir seus cofres novamente, após compromissos assumidos na COP29.
A real necessidade de um consenso
Arunabha Ghosh, enviado da Índia, ressaltou a importância de focar nas necessidades essenciais durante as negociações: “acesso à energia para os mais pobres, segurança energética para todos e sustentabilidade para o planeta”. Essa declaração reflete a urgência de um consenso que atenda às demandas globais de forma equitativa.
O papel da presidência brasileira
A presidência da COP30, sob a liderança brasileira, encontrou uma situação delicada ao tentar mediar as extremas opiniões dos vários países. A proposta mais recente excluiu a menção ao roteiro de eliminação gradual dos combustíveis fósseis, gerando críticas não só de países, mas também de grupos ambientalistas e cientistas. Uma carta enviada à presidência da COP30 por um grupo de 39 países, profundamente preocupados com a falta de ambição do acordo, expressou descontentamento com essa situação.
Próximos passos na COP30
Com as negociações pendentes e a pressão crescente, um novo texto deverá ser apresentado no plenário na manhã deste sábado, buscando um consenso fundamental para que a COP30 não termine sem um acordo. O que se observa nesse panorama é um movimento que vai além dos interesses locais, reverberando em compromissos globais pela preservação do planeta.
Em meio a desafios significativos, a esperança de uma resolução continua, mas a urgência de um pacto que enderece as questões climáticas e sociais é mais evidente do que nunca. A cúpula em Belém poderá deixar um legado crítico, não apenas para o Brasil, mas para a luta contínua contra as mudanças climáticas em todo o mundo.


