Brasil, 8 de dezembro de 2025
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Desamparo e esperança: a luta de Laryssa após a morte do marido

A história de Laryssa, que luta por seus direitos após a morte do marido em um acidente, expõe falhas do seguro DPVAT no Brasil.

Laryssa tinha pouco mais de 20 anos quando seu sonho virou pesadelo. Conheceu Ramon, seu marido, na igreja aos 17 anos e se casaram com planos de um futuro juntos. Entretanto, a vida lhe impôs uma dureza inesperada. Em 2 de março de 2024, um acidente de trânsito interrompeu suas esperanças: Ramon, de 28 anos, pilotava sua moto na Rodovia Serafim Derenzi, em Vitória, Espírito Santo, quando colidiu frontalmente com um poste ao tentar desviar de um carro que invadiu a contramão. O impacto foi fatal e deixou Laryssa viúva, sem uma rede de apoio financeira ou familiar.

Após a morte do esposo, Laryssa, que estudava administração e havia perdido seu emprego, se viu sozinha para lidar com toda a burocracia funerária. Sem recursos, resolveu o traslado do corpo de Ramon para Minas Gerais, sua terra natal, e, para sobreviver, acumulou dívidas a fim de garantir o mínimo para sua subsistência.

Sem perspectiva, Laryssa pediu ajuda ao governo e acionou a Caixa Econômica Federal para solicitar a indenização de R$ 13.500 do Seguro DPVAT, um direito que deveria ter. Infelizmente, na agência, foi informada de que o pedido não poderia ser feito e que ela teria que procurar a Defensoria Pública para ter acesso ao benefício – que, à época, estava descontinuado.

“Eu era totalmente dependente do meu marido. As contas eram todas dele e quando ele morreu ficaram todas bloqueadas. Foi um período bem difícil. Se eu tivesse conseguido o DPVAT, talvez eu tivesse concluído minha faculdade”, desabafou Laryssa, revelando a solidão e a falta de estrutura que a cercavam.

Laryssa e RamonLaryssa perdeu o companheiro, Ramon, em um acidente de moto no Espírito Santo em 2024.

A luta por justiça

No momento do acidente, embora o Seguro DPVAT ainda existisse juridicamente, ele estava sem regulamentação, e a Caixa alegou não ter fundos para o pagamento das indenizações. Atualmente, Laryssa faz parte de uma ação coletiva movida pela Defensoria Pública da União no Espírito Santo. O objetivo é garantir o pagamento do seguro para aqueles que tiveram seus pedidos negados nos últimos anos. Estima-se que cerca de 600 mil pessoas estejam nesta situação.

“Tenho esperança de receber esse dinheiro, pois iria me ajudar bastante. É uma forma de indenização, um direito que me foi tirado sem aviso no momento em que mais precisava. Ramon pagava o DPVAT e tudo estava em dia, mas na hora de solicitar, meu direito foi negado”, refletiu Laryssa sobre a incerteza que permeia seu cotidiano.

O que é o seguro DPVAT?

O Seguro DPVAT foi criado em 1974 para garantir indenizações às vítimas de acidentes de trânsito, seja para despesas médicas, invalidez, ou benefícios às famílias em caso de morte. O fundo era alimentado pelos proprietários de veículos no ato do licenciamento. Contudo, fraudes e desvio de recursos culminaram em investigações que revelaram a grave falta de transparência na gestão do seguro.

Embora tenha sido extinto em janeiro de 2025, o DPVAT ainda tem resquícios na luta judicial atual. A Defensoria Pública busca ressarcir as vítimas de acidentes ocorridos entre 2023 e 2024, quando, apesar da falta de regulamentação, ele ainda existia juridicamente. A ausência de regulamentação gerou um verdadeiro limbo jurídico, deixando milhares de brasileiros sem amparo.

O advogado Ernesto Tzirulnik considera que a extinção do seguro se deu de forma precipitada e irresponsável. “Quando o governo acabou com o seguro sem uma transição adequada, ele cortou a fonte de renda e deixou muitas pessoas vulneráveis”, comentou.

A perspectiva para o futuro

A Defensoria Pública aguarda a decisão da Justiça sobre a ação coletiva, e a expectativa é que ao começo do ano a situação seja analisada. A possibilidade de receber uma indenização traz um sopro de esperança para Laryssa, que continua a lutar por sua dignidade e seus direitos.

Ao encerrarmos este capítulo trágico da vida de Laryssa, sua história ilustra a fragilidade do sistema de seguros e a necessidade de melhorias nas políticas públicas para proteger as vítimas de acidentes. Apesar das adversidades, sua luta e resiliência servem como um exemplo de força diante da adversidade, e devem inspirar a sociedade a exigir um sistema de seguridade mais justo e transparente.

Linha do Tempo do DPVATArte: Gabriel Lucas/Metrópoles

A realidade enfrentada por Laryssa e muitos outros, revela a importância de um estado proativo e responsável, e da força da comunidade ao enfrentar as dificuldades e lutar por justiça.

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