Durante a COP30, realizada em Belém (PA), os reitores de diversas universidades se reuniram para discutir o papel das instituições de ensino superior na promoção de ações climáticas. O evento, que ocorreu no dia 19 de novembro no Pavilhão de Ensino Superior para a Ação Climática, reuniu líderes acadêmicos de toda a América Latina para refletir sobre como as universidades podem contribuir na luta contra as mudanças climáticas, por meio de iniciativas como as Redes Climáticas.
A importância das Redes Climáticas
As Redes Climáticas nas universidades emergem como uma resposta essencial à crise ambiental que o mundo enfrenta. De acordo com o Padre Luis Miguel Modino, este movimento já está se consolidando em diversos centros de ensino superior na América Latina. Reitores como Juan Pablo Murra, do Tecnológico de Monterrey, e Cicilia Maia, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, ressaltaram a relevância da colaboração acadêmica na construção de um futuro mais sustentável.
A RUC e a dívida ecológica
Entre os participantes, muitas universidades estão integradas à Rede de Universidades para o Cuidado da Nossa Casa Comum (RUC), que visa inspirar ações com base na encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A RUC não só promove a educação sobre questões climáticas, mas também incentiva o fortalecimento dos laços com as comunidades locais. Em um recente encontro, o Papa Francisco desafiou as universidades a formar líderes que possam dialogar entre a ciência e outras formas de conhecimento, especialmente no que diz respeito à dívida ecológica.
Pautas climáticas nos programas acadêmicos
Os reitores enfatizaram a necessidade de incluir a pauta climática nos currículos de graduação, e não somente em cursos de pós-graduação. Antônio de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas, destacou como a inovação pode transformar conhecimento em ações práticas, promovendo um desenvolvimento sustentável que respeite os recursos naturais da América Latina. Segundo ele, “o mundo universitário é um meio poderoso para resolver problemas comuns por meio da pesquisa e colaboração internacional”.
Desafios e oportunidades
A discussão sobre as Redes Climáticas não é isenta de desafios. Os conferencistas mencionaram a fragilidade das democracias e as elevadas taxas de desigualdade que permeiam a América Latina como questões que precisam ser superadas para se avançar nas agendas climáticas. “A democracia é o caminho para solucionar grandes problemas, como a desigualdade e a dívida ecológica”, afirmou Carlos Greco, representando a Universidade Nacional de San Martín.
Os reitores concordaram que os altos índices de vulnerabilidade socioeconômica entre os estudantes também constituem um obstáculo significativo. Nesse sentido, Cicilia Maia fez um apelo para que as universidades intensifiquem suas colaborações, assegurando que suas vozes sejam ouvidas nas esferas sociais mais amplas. “Desenvolver pessoas é um pré-requisito para o crescimento de uma nação”, enfatizou a reitora.
Olhando para o futuro
O futuro das universidades está intrinsecamente ligado à forma como integrarão questões climáticas e de sustentabilidade em seus curricula e práticas. A inclusão de diversas vozes, especialmente de comunidades indígenas e grupos marginalizados, é vista como uma maneira de fomentar lideranças mais inclusivas e com maior consciência ecológica. Anderson Pedroso, da PUC-Rio, defendeu que as universidades sejam “espaços que salvaguardam a democracia e promovem direitos iguais para todos”.
Formando líderes globais
A necessidade de formar líderes que pensem de maneira global foi um dos pontos centrais das discussões. As universidades na América Latina têm a responsabilidade de investir na formação de indivíduos com uma visão estratégica do planeta, especialmente considerando a influência histórica da região na Igreja Católica, que teve dois papas nos últimos anos. Para Pedroso, é crucial que essas instituições se unam em um compromisso com o desenvolvimento sustentável diante das mudanças climáticas que afetam a todos.
Assim, as universidades são mais do que espaços de ensino; elas se tornam laboratórios de experiências e práticas que moldam o futuro da sociedade. Neste contexto, as Redes Climáticas e a RUC emergem como vitais para a formação de um novo modelo de ações estruturais que promovem a consciência ambiental e social, preparando uma geração disposta a enfrentar os desafios do século XXI.
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