Numa iniciativa inédita na história das negociações climáticas, 82 países uniram forças para promover o “Mutirão Call for a Fossil Fuel Roadmap”, voltado a criar um calendário global de redução e abandono dos combustíveis fósseis durante a COP30, na Saudi Arabia. Apesar de a proposta não integrar a agenda oficial até então, a mobilização ganha força, enfrentando interesses contrários ao tema.
Mobilização global pela redução de combustíveis fósseis
De acordo com o secretário de Estado do Reino Unido, Ed Miliband, a coalizão representa uma “mobilização sem precedentes” do Sul e Norte globais, que se unem para tratar o assunto como uma prioridade máxima. “Essa é uma oportunidade de fazer da COP30 um momento de avanço na transição energética”, afirmou Miliband na coletiva de imprensa.
Os combustíveis fósseis, responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa, foram citados pela primeira vez na COP28, em Dubai, em 2023. Ainda assim, a discussão foi considerada genérica e pouco comprometedora, sem uma postura firme por parte dos países.
Brasil e a proposta do “Mapa do Caminho”
O Brasil foi o primeiro país a trazer a ideia do “Mapa do Caminho” para a pauta de negociações, iniciativa defendida pela ministra Marina Silva antes mesmo da chegada de Lula à presidência. Contudo, o governo brasileiro também autorizou perfurações exploratórias na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, levantando questionamentos sobre seus compromissos ambientais.
Segundo analistas, as ações brasileiras refletem contradições, já que a proposta de redução foi apresentada enquanto práticas exploratórias seguem em andamento. O documento final ainda está em elaboração e depende da diplomacia nacional para definir o alinhamento com a mobilização internacional.
Desafios e perspectivas
O movimento dos 82 países reforça a pressão para que a COP30 seja um marco na agenda ambiental mundial, com compromissos concretos contra os combustíveis fósseis. A coordenação dos esforços entre países desenvolvidos e em desenvolvimento será um teste para o sucesso da iniciativa.
O sucesso ou não do “Mutirão pelo roteiro dos combustíveis fósseis” poderá influenciar o avanço das políticas de transição energética global nos próximos anos, apontam especialistas no tema.
O desfecho daquele que pode ser um marco na luta contra as mudanças climáticas depende agora do protagonismo diplomático do Brasil e da disposição dos países em fortalecer compromissos reais na próxima fase de negociações da COP30.


