No dia 11 de novembro, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) deflagrou a Operação Macondo, que resultou na prisão de 14 colombianos e um venezuelano, suspeitos de envolvimento em um esquema de agiotagem que cobrava juros de mais de 30% ao mês. Além das prisões, a justiça determinou o bloqueio de R$ 5 milhões em contas relacionadas às atividades ilícitas dos investigados.
Como funcionava o esquema de agiotagem
Os agiotas ofereciam empréstimos informais, disseminados por meio de cartazes na região central de Teresina e em shoppings populares. Os valores começavam a partir de R$ 200, com cobranças feitas de forma fragmentada, seja diariamente, semanalmente, ou em outras modalidades que favoreciam a forma de cobrança coercitiva dos valores. Era comum que a prática envolvesse métodos violentos, com registros de destruição de mercadorias e intimidação psicológica, incluindo ameaças a familiares das vítimas.
Um dos casos mais perturbadores relatados pela SSP foi o de um empresário que, diante das exigências extremas do grupo, acabou tirando a própria vida. Essa realidade evidencia o violento ciclo vicioso da agiotagem e os impactos devastadores que ela traz para os envolvidos e suas famílias.
Precisão policial e cooperação internacional
O delegado Roni Silveira, que coordenou a operação, explicou que as prisões preventivas foram solicitadas devido à gravidade das ameaças e coações enfrentadas pelas vítimas, apresentando-se como uma resposta necessária para interromper a continuidade dos crimes. O trabalho da polícia foi amplamente apoiado por evidências coletadas que indicavam não apenas a prática da agiotagem, mas também a possibilidade de envolvimento em outras atividades criminosas em seus países de origem.
Outros levantamentos preliminares feitos pela SSP sugerem que candidatos a agiotas podem ter antecedentes criminais, o que levanta a necessidade de uma colaboração internacional. Caso a polícia identifique o envio de dinheiro para outros países, a Interpol poderá ser acionada para auxiliar nas investigações.
A importância da prevenção e como agir diante das dívidas
O delegado Yan Brayner, diretor de Inteligência da Polícia Civil do Piauí, adverte para o risco de entrar em esquemas de empréstimos informais e a urgência em buscar ajuda policial diante de qualquer ameaça. “As vítimas devem registrar os crimes e ajudar na identificação dos suspeitos. A segurança delas deve ser a prioridade”, explicou. Além disso, a população pode utilizar a plataforma BO Fácil para registrar boletins de ocorrência via WhatsApp, facilitando o acesso à justiça.
A realidade exposta pela Operação Macondo serve como um alerta para a sociedade sobre os perigos da agiotagem e a complexidade das redes criminosas que se infiltram em comunidades vulneráveis. O apelo à prevenção e à denúncia é fundamental para quebrar o ciclo de violência e garantir a segurança de trabalhadores, pequenos comerciantes e autônomos que, muitas vezes, se veem sem alternativas diante da crise financeira e se tornam alvos fáceis para essas práticas ilícitas.
As próximas etapas da investigação buscarão maior entendimento sobre a operação da organização criminosa, que, além de atos violentos, também caminha por brechas da legislação contra a lavagem de dinheiro.
Conclusão
A Operação Macondo representa um esforço significativo das autoridades em desmantelar esquemas de agiotagem que comprometem a segurança e o bem-estar da população. Com as prisões realizadas e os recursos financeiros bloqueados, espera-se que a impunidade não prevaleça e que medidas efetivas sejam tomadas para proteger as vítimas e punir os responsáveis.
É crucial que a sociedade se mantenha atenta e que potenciais vítimas tenham acesso à informação e orientação sobre como agir em situações de dívida e ameaças. O combate à agiotagem é um passo necessário para garantir a justiça e melhorar a qualidade de vida no Piauí e além.


