Brasil, 25 de dezembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Liquidação do Banco Master não representa risco sistêmico, diz BC

Após liquidação do Banco Master, BC afirma que conglomerado é de porte pequeno e que mercado não vê risco ao sistema financeiro

O Banco Central anunciou nesta terça-feira (19) a liquidação extrajudicial do Banco Master, alegando grave crise de liquidez e violações normativas. A autoridade monetária destacou que o conglomerado, liderado por Daniel Vorcaro, tem porte considerado pequeno, representando 0,57% dos ativos do Sistema Financeiro Nacional, e que continuará tomando medidas para apurar responsabilidades dentro de suas competências legais.

Por que o BC decretou a liquidação do Banco Master?

Segundo o Banco Central, a decisão teve apoio na gravidade da crise de liquidez enfrentada pelo grupo, além de problemas financeiro-econômicos e violações às normas regulatórias. O BC também declarou que a medida visa evitar riscos ao funcionamento do sistema financeiro, mesmo com a prisão do dono do banco, Daniel Vorcaro, e a investigação de fraude bilionária envolvendo o BRB, outro banco sob investigação pela Polícia Federal.

Impacto no mercado e avaliação de especialistas

Advogados e analistas de mercado descartam risco sistêmico devido à liquidação do Banco Master, mas alertam que bancos menores podem sofrer consequências, como aumento nas taxas de captação e fuga de clientes para instituições maiores. “Não há impacto sistêmico relevante, mas o episódio pode gerar uma fuga para a qualidade”, afirma Vinicius Alves, estrategista-chefe da Tullett Prebon.

Na prática, investidores começaram a precificar maior risco em títulos de bancos menores, com CDBs de instituições de médio porte apresentando rendimentos de até 160% do CDI em operações secundárias, uma taxa elevada devido à maior percepção de risco. Apesar do prêmio elevado, especialistas garantem que o risco de contágio ao sistema financeiro como um todo permanece baixo.

Repercussões e medidas do governo

O Banco Central manterá o regime de administração especial temporária (Raet) do Banco Master Múltiplo por até 120 dias, além de tornar indisponíveis os bens dos controladores e ex-administradores. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) anunciou que cobrirá os depósitos e investimentos de aproximadamente 1,6 milhão de clientes, cujo montante total pode chegar a R$ 48 bilhões.

Segundo Daniel Lima, diretor-presidente do FGC, os recursos disponíveis atualmente no fundo, cerca de R$ 120 bilhões, devem ser suficientes para ressarcir uma parte dos clientes, mas o volume do passivo do banco, estimado em mais de R$ 60 bilhões, representa o maior teste de estresse já enfrentado pelo fundo.

Cenário de confiança e possíveis desdobramentos

Especialistas afirmam que a intervenção do BC é adequada para evitar uma crise mais ampla e acredita que o episódio deve gerar uma maior cautela por parte dos investidores em relação a bancos pequenos e médios. “O mercado deve ficar mais resistente a operações de captação de maior risco por algum tempo”, observa Paulo Bittencourt, estrategista da MZM Wealth.

Apesar disso, a intervenção não indica risco sistêmico ao sistema financeiro, segundo o advogado Bruno Boris. Ele ressalta que os títulos do banco foram majoritariamente adquiridos por pessoas físicas, reduzindo a possibilidade de contágio às demais instituições. O empresário Rafael Mortari reforça que bancos de grande porte, com capitalização robusta e baixa exposição ao banco de Vorcaro, permanecem estáveis.

Repercussões políticas e futuras ações

O afastamento temporário do presidente do BRB, devido a irregularidades na operação com o Master, pode gerar repercussão política, com pedidos de CPI por parte de opositores na administração do banco público. No entanto, o especialista André Camara destaca que essa situação não traz riscos ao sistema financeiro de forma geral.

De acordo com o professor Bruno Boris, as ações do BC e do FGC visam preservar a estabilidade do sistema, embora o episódio possa gerar impactos pontuais na liquidez de bancos de menor porte e pressionar suas taxas de captação. A expectativa é de que o episódio também impulsione melhorias na regulação prudencial do mercado financeiro nacional.

Para entender melhor o funcionamento do Fundo Garantidor de Crédito e o impacto da liquidação, acesse a explicação do FGC.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes