Dados internos do Banco Central (BC) indicam que o Banco de Brasília (BRB) precisou realizar registros contábeis sem respaldo documental após adquirir carteiras de crédito do Banco Master. A operação, realizada entre julho de 2024 e outubro de 2025, movimentou cerca de R$ 16,7 bilhões, segundo investigadores.
Registros contábeis sem respaldo e impacto na saúde financeira do BRB
De acordo com o documento do BC, o elevado apetite do BRB por aquisições gerou impactos operacionais e colocou em risco a estabilidade financeira da estatal. Para evitar o desenquadramento de índices regulatórios, o banco realizou registros contábeis baseados em contratos de venda de participação na BRB Financeira, celebrados somente em março de 2025, sem respaldo documental adequado.
“Para não desenquadrar, o BRB realizou registros contábeis sem respaldo documental, baseando-se em contrato de venda da participação societária da BRB Financeira”, afirma o documento do BC. Além disso, autoridades apontam que dificuldades na internalização das carteiras adquiridas agravaram problemas de controles internos e governança na instituição.
Investigações sobre irregularidades na venda do Banco Master
A Polícia Federal (PF) investiga suspeitas de irregularidades na venda do Banco Master ao BRB, cujo presidente, Daniel Vorcaro, foi preso na segunda-feira. Segundo apurações, a operação de compra ocorreu em meio a uma situação que indica tentativa de encobrir falhas na fiscalização por parte do BC, além de afetar a saúde financeira do BRB.
A PF estima que, entre julho de 2024 e outubro de 2025, o grupo Master recebeu R$ 16,7 bilhões do BRB em transferências. As investigações apontam que as operações foram marcadas por um elevado apetite por aquisições, que gerou impactos negativos nos índices de capital próprio da estatal.
Consequências e reflexos na governança do BRB
Segundo os técnicos do BC, os índices de capital do BRB já estavam próximos do limite mínimo e se tornaram negativos nos primeiros meses de 2025, principalmente devido às aquisições do Master. Além disso, problemas na governança e na gestão de riscos foram destacados na análise interna.
O BRB divulgou nota nesta terça-feira afirmando que atuou de acordo com as normas de compliance e transparência, fornecendo informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central relativas às operações com o Banco Master. A instituição também informou que a venda da participação na BRB Financeira foi formalizada somente em março de 2025.
Próximos passos na investigação e na recuperação do controle
Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, foi detido na noite de segunda-feira em Guarulhos. Sua assessoria afirmou que ele tinha viagem marcada para Dubai para se encontrar com os compradores da instituição e que está disposto a colaborar com as autoridades. O caso segue em andamento, com novas medidas e auditorias em curso.
A investigação aponta para possíveis falhas na governança do BRB e na fiscalização do Banco Central, além de questionamentos sobre a legalidade das operações realizadas durante o processo de compra do banco de crédito.
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