Brasil, 21 de dezembro de 2025
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Marcha dos povos em Belém pressiona por ação climática na COP30

Milhares de ativistas e indígenas marcham em Belém por mudanças climáticas na COP30, clamando por participação real nas decisões.

Na manhã deste sábado (15/11), Belém foi palco de uma grande mobilização em defesa da Amazônia e da proteção do meio ambiente. Milhares de ativistas, indígenas, movimentos sociais e representantes da Igreja Católica marcharam juntos pelas ruas da cidade, exigindo que os negociadores da COP30, que ocorre na região, considerem de forma mais abrangente os interesses das comunidades locais e implementem ações concretas contra as mudanças climáticas e o uso de combustíveis fósseis. A manifestação, marcada pela presença de um balão gigante em formato de globo, transcorreu em um clima festivo com música e danças sob o sol escaldante.

União em prol da Casa Comum

A mobilização teve como foco destacar a necessidade de uma verdadeira conversão em todos os níveis da sociedade e do governo, unindo diferentes esferas e pessoas na luta pelo cuidado da Casa Comum, a Terra. Em meio ao evento, estiveram presentes cardeais e bispos que se juntaram à marcha, refletindo o empenho da Igreja em apoiar as comunidades que sentem na pele os impactos das alterações climáticas.

Exclusão das decisões da COP

A vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia, Patrícia Gualinga, oriunda do povo Kichwa de Sarayaku (Equador), denunciou que muitos povos se sentem excluídos dos diálogos e decisões que moldam o futuro de seu território. “É fundamental que as vozes dos habitantes locais sejam ouvidas nas discussões dentro da COP”, afirmou. Para Gualinga, a presença da COP30 na Amazônia é simbólica, pois conecta os povos a um compromisso global maior relacionado ao equilíbrio ambiental e ao futuro do planeta.

O papel da Igreja na COP30

A participação da Igreja neste contexto é vista como essencial. O cardeal Felipe Neri Ferrão, arcebispo de Goa, destacou que as discussões em andamento têm impactos diretos sobre a vida dos mais pobres e vulneráveis. Ele enfatizou que a missão da Igreja deve incluir a defesa dos que são mais afetados pelas consequências das mudanças climáticas, e que a presença da Igreja na marcha é um reflexo desse compromisso.

Solidariedade e sinodalidade

O cardeal Pablo Virgílio Davi, bispo de Kalookan, sublinhou a importância de unir a voz de diferentes defensores do meio ambiente durante a COP30. Ele lembrou a lição de Papa Francisco sobre a importância da sinodalidade. “Nossas causas podem ser diversas, mas o objetivo comum de cuidar da criação nos une”, disse o cardeal, enfatizando que a solidariedade é crucial nesta luta.

Reivindicações dos movimentos sociais

O bispo Reginaldo Andrietta, presente na marcha, defendeu que as demandas dos movimentos sociais devem ser ouvidas nas negociações da COP. Ele alertou sobre a importância de uma verdadeira democracia que permita a participação ampla de todos os segmentos sociais, defendendo mudanças significativas para a humanidade. Andrietta acredita que a articulação entre os grupos é crucial para que suas vozes sejam consideradas nas decisões que afetam o futuro do planeta.

Compromissos do governo brasileiro

A marcha também contou com a presença de ministras do governo brasileiro, incluindo Marina Silva e Sônia Guajajara. A ministra do Meio Ambiente ressaltou a importância de considerar as experiências e conhecimentos daqueles que já estão enfrentando as mudanças climáticas. Ela pediu que as diretrizes a serem traçadas na COP levem ao fim do desmatamento e do uso de produtos químicos prejudiciais ao meio ambiente.

Guajajara, por sua vez, falou sobre a urgência da população indígena em exigir respeito e reconhecimento de seu papel na conservação da Amazônia. “Dizer ‘basta’ ao desmatamento é um grito que deve ecoar forte, pois a emergência climática exige ação imediata e comprometida de todos nós”, concluiu a ministra, enfatizando a urgência de um mundo mais justo e inclusivo.

A Marcha dos Povos, portanto, se estabelece não apenas como uma mobilização em defesa do meio ambiente, mas também como uma demanda por reconhecimento e respeito às práticas e saberes das comunidades que habitam os territórios afetados pelas decisões políticas e econômicas globais. A pressão gerada por este movimento poderá ser uma catalisadora para mudanças significativas na direção da justiça socioambiental.

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