No dia 1° de fevereiro de 2025, um grave incidente ocorrido em Salvador levantou questões sobre a conduta policial e a proteção dos cidadãos. Três policiais militares foram condenados após roubar celulares de torcedores do Esporte Clube Vitória durante uma abordagem em um clássico disputado contra o Bahia. As penas impostas variam de cinco anos e oito meses a mais de dez anos de reclusão, além da perda dos cargos e graduações na corporação.
O caso dos roubos na Praça Nossa Senhora de Lourdes
Na ocasião do clássico, três torcedores foram abordados por uma equipe da 37ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Liberdade) na Praça Nossa Senhora de Lourdes. Ao final da abordagem, um dos jovens notou que seu celular havia sido furtado. De acordo com a denúncia, os sargentos Joseval Silva Santos e Pedro Fabiano Soares Batista, juntamente com o soldado Carlos Geraldo de Jesus Almeida Júnior, abordaram um grupo de jovens e, durante a revista, subtraíram celulares de três vítimas.
As táticas utilizadas pelos policiais foram alarmantes. Para intimidar os torcedores, houve uso de violência e ameaça, incluindo uma barra de ferro. Um dos sargentos, Joseval, foi apontado como o líder da operação, ordenando que as vítimas se posicionassem em uma grade de parquinho e exigindo a entrega de seus pertences. Em uma tentativa clara de ocultar suas ações, ele ainda cortou parte da gravação da câmera corporal durante a abordagem, de acordo com a denúncia.
Decisão judicial e repercussões
As defesas dos réus alegaram que havia inconsistências nas provas apresentadas e pediram a anulação da denúncia, além de solicitar a absolvição de seus clientes. Contudo, o juiz Paulo Roberto Santos de Oliveira rejeitou todas as alegações, afirmando que as imagens das câmeras corporais, os depoimentos das vítimas e os laudos de lesões asseguravam que realmente houve um uso indevido da função pública para ganhos ilícitos. O magistrado caracterizou a conduta da guarnição como um “desvio completo da função militar”, enfatizando que os réus criaram um “ambiente de temor e submissão” para roubar os bens das vítimas.
Com base nessa análise, os três policiais foram condenados por três roubos majorados consumados e dois tentados. A decisão também resultou na condenação de Joseval e Pedro por cinco crimes de lesão corporal. No entanto, Carlos Geraldo foi absolvido desta acusação. A pena definitiva imposta a Carlos foi de cinco anos, oito meses e seis dias de reclusão, em regime inicial semiaberto. Já os sargentos receberam penas superiores, sendo reconhecidos como os principais responsáveis pela sistemática dos crimes cometidos.
Consequências e a importância da responsabilidade policial
A condenação dos policiais é um alerta importante sobre o controle da atuação policial e a proteção dos direitos dos cidadãos. A decisão do juiz incluiu a negação do direito de apelação em liberdade, reforçando a gravidade das ações dos policiais e o preocupação com a segurança pública. A comunicação dessas decisões também foi enviada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), à Policia Militar e ao setor de execuções penais, demonstrando a urgência em lidar com casos de abusos de autoridade.
Essa história não é apenas uma reflexão sobre a ética e a responsabilidade dentro das forças policiais, mas também um chamado à sociedade para exigir transparência e justiça. Os episódios de violência e abuso por parte de autoridades têm um impacto profundo na confiança pública e na percepção de segurança. Medidas para garantir a integridade das instituições são essenciais para reverter esse quadro e assegurar que tragédias semelhantes não voltem a ocorrer.
Como sociedade, é fundamental apoiar ações que combatam a corrupção e a impunidade dentro das forças de segurança, garantindo que todos, independentemente da posição, respondam por seus atos e que haja justiça para as vítimas de abusos policiais.
Para mais detalhes sobre este caso e outros eventos importantes na Bahia, acompanhe as notícias do g1 Bahia e mantenha-se informado sobre as decisões que moldam nossa sociedade.
