Nos últimos tempos, os banhos frios conquistaram espaço no universo do bem-estar, com influenciadores e atletas defendendo suas vantagens. A prática consiste em submeter o corpo a água gelada, geralmente durante o banho, e acredita-se que isso possa melhorar foco, imunidade e reduzir inflamações.
Os efeitos fisiológicos do banho frio
Quando a água fria toca a pele, ocorre uma resposta de choque, que provoca uma respiração rápida, aumento do ritmo cardíaco e uma liberação de hormônios relacionados ao estresse, segundo o especialista Dr. Jonathan Leary, fundador do Remedy Place. “Esse estímulo deixa a pessoa mais alerta e desperta o organismo,” explica.
Estudos mostram que essa exposição pode também aumentar a liberação de neurotransmissores que melhoram o humor, como dopamina e noradrenalina. Contudo, a maioria das pesquisas é preliminar, sem conclusões definitivas, conforme destaca a médica Neha Pathak.
Benefícios comprovados e limitações
Uma análise de estudos, publicada em 2025, indica que imersões de cerca de 12 horas em água fria podem reduzir níveis de estresse e melhorar a qualidade do sono. Além disso, uma pesquisa de 2015, com mais de 3.000 participantes, mostrou que finalizar o banho com 30 a 90 segundos de água fria reduziu em quase 30% o número de dias de afastamento por doença, embora a incidência de doenças não tenha sido afetada.
Apesar desses indícios, especialistas ressaltam a necessidade de estudos mais aprofundados para determinar a frequência, o tempo ideal de exposição e os efeitos a longo prazo. “Ainda não temos evidências suficientes para afirmar que o banho frio realmente traz todos esses benefícios de forma consistente,” afirma Pathak.
Resposta do organismo e potencial imunológico
O choque térmico desencadeia uma resposta do sistema nervoso simpático, que libera adrenalina e noradrenalina, hormônios capazes de aumentar o alerta, a circulação sanguínea e o ritmo cardíaco momentaneamente. Esse estímulo também mobiliza células do sistema imunológico, ajudando na defesa contra infecções.
Estudos de 2014 demonstraram que pessoas treinadas para enfrentar o frio, com técnicas de respiração e imersões, podem influenciar sua resposta imunológica, produzindo menor quantidade de substâncias inflamatórias ao receberem substâncias que normalmente causariam inflamação.
Cuidados e recomendações
Embora o banho frio possa ser uma estratégia para estimular o organismo, ele não substitui hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física. “A resposta imunológica é uma consequência do gerenciamento do estresse, e não uma solução isolada,” alerta a cardiologista Dr. Sirisha Vadali.
Para quem deseja experimentar, a orientação é começar com sessões curtas e moderadas, sempre ouvindo o próprio corpo. O banho frio pode ser um complemento, mas nunca uma prática única de bem-estar.
Assim, embora pareça promissor, o banho frio ainda requer investigação mais rigorosa para comprovar seus benefícios duradouros. Os interessados devem buscar orientações médicas antes de incorporá-lo à rotina.


