O julgamento que ocorreu nesta quinta-feira (13) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) trouxe à tona questões polêmicas e decisões controversas que envolvem manipulação esportiva no futebol brasileiro. Bruno Henrique, atleta do Flamengo, foi condenado a pagar uma multa de R$100 mil, sem imposição de suspensão. Apesar de um resultado dividido — com seis votos a favor da sanção financeira e três pela aplicação de jogos de suspensão —, o veredito gerou críticas intensas. Este julgamento resgata a memória da Operação Penalidade Máxima, desencadeada em abril de 2023.
A operação, realizada pelo Ministério Público do Estado de Goiás, desmascarou um esquema abrangente de manipulação de resultados que envolvia a influência de jogadores para alterar o desempenho em partidas, visando beneficiar apostadores. As investigações resultaram em buscas e apreensões em diversos estados do Brasil.
A repercussão da “mafia das apostas”
O caso, amplamente conhecido como a “mafia das apostas”, não só expôs a vulnerabilidade do futebol às fraudes, mas também levantou questões sobre a ética no esporte. Durante o julgamento, o STJD impôs diferentes níveis de penalidade a 33 atletas envolvidos, variando de suspensões e multas a proibições permanentes do futebol, dependendo do grau de complicidade e das provas apresentadas contra cada um deles.
Jogadores punidos e suas sanções
No tribunal, a lista dos atletas investigados foi extensa e as consequências foram rigorosas. Confira a lista completa:
Banidos
- Diego Porfírio – eliminação e multa de R$ 60 mil
- Gabriel Tota – eliminação e multa de R$ 30 mil
- Matheus Gomes – eliminação e multa de R$ 10 mil
- Romário – eliminação e multa de R$ 80 mil
- Ygor Catatau – eliminação e multa de R$ 70 mil
Cumpriram pena
- Gabriel Domingos – 720 dias e multa de R$ 80 mil (atualmente no Amazonas)
- Moraes – 720 dias e multa de R$ 55 mil (atualmente no Goiás)
- Nino Paraíba – 720 dias e multa de R$ 100 mil (atualmente no Cuiabá)
- Paulo Miranda – 720 dias e multa de R$ 70 mil (atualmente no Mixto)
- Vitor Mendes – 720 dias e multa de R$ 70 mil (atualmente no Ferroviária)
- Alef Manga – 360 dias e multa de R$ 50 mil (atualmente no Avaí)
- André Luiz – 600 dias e multa de R$ 50 mil (atualmente no Volta Redonda)
- Bryan García – 360 dias e multa de R$ 50 mil (atualmente no Independiente Juniors, Equador)
- Dadá Belmonte – 600 dias e multa de R$ 70 mil (atualmente no CRB)
- Eduardo Bauermann – 360 dias e multa de R$ 35 mil (atualmente no Pachuca, México)
- Fernando Neto – 360 dias e multa de R$ 15 mil (atualmente no Amazonas FC)
- Igor Cárius – 360 dias e multa de R$ 40 mil (atualmente no Sport, Pernambuco)
- Kevin Lomónaco – 360 dias e multa de R$ 25 mil (atualmente no Independiente, Argentina)
- Mateusinho – 600 dias e multa de R$ 50 mil (atualmente no Cuiabá)
- Nathan – multa de R$ 10 mil (atualmente no Remo)
- Nathan Palafoz – 360 dias e multa de R$ 20 mil (atualmente no Oeste)
- Paulo Sérgio – 600 dias e multa de R$ 50 mil (atualmente no Náutico)
- Richard – multa de R$ 10 mil (atualmente no Internacional)
- Sávio Alves – 360 dias e multa de R$ 30 mil (atualmente no Remo, Pará)
- Thonny Anderson – multa de R$ 40 mil (atualmente no Tokushima Vortis, Japão)
Absolvidos
- Allan Godói – atualmente no Gotzepe, Turquia
- Jarro Pedroso – atualmente no Inter SM
- Jesús Trindade – atualmente no Peñarol, Uruguai
- Joseph – atualmente no Tombense (processo arquivado)
- Nikolas Farias – aposentado
- Pedro Henrique – atualmente no Shakhtar Donetsk, Ucrânia
- Sidcley – atualmente no Ratchaburi, Tailândia
- Victor Ramos – atualmente no Rio Branco, Paraná
Esse episódio expõe a fragilidade das instituições que regem o futebol e levanta um questionamento sobre a necessidade de reformas que fortaleçam a integridade do esporte. O futebol, profundamente enraizado na cultura brasileira, não pode ser manchado por esquemas que desviam o foco e a paixão que não só os jogadores, mas também milhões de torcedores têm pelo jogo.

