O Rioprevidência, responsável pelos recursos de aposentadorias de mais de 235 mil servidores públicos estaduais do Rio de Janeiro, investiu R$ 100 milhões em um fundo composto em 96% por ações da Ambipar, que está em recuperação judicial e vem sofrendo forte desvalorização na Bolsa de Valores.
Investimentos controversos e riscos elevados
Segundo relata o Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), o fundo de pensão tem alocado uma parte significativa do seu patrimônio em letras financeiras do Banco Master, administrado pela mesma instituição financeira envolvida em dificuldades. As aplicações, feitas em junho de 2025, ocorreram cerca de dois meses antes da crise pública da Ambipar, que acumula uma dívida de R$ 10 bilhões e adiou a divulgação do seu balanço financeiro por tempo indeterminado.
Crise da Ambipar e impacto no investimento
A própria Ambipar entrou com pedido de recuperação judicial em outubro, após tentar evitar a falência. Desde então, suas ações sofreram uma desvalorização de 97%, chegando a cair de R$ 75,75 milhões para R$ 25 milhões, conforme levantamento do próprio TCE-RJ.
O fundo, gerido pelo Banco Master, é alvo de apurações e de processos sancionadores na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Tribunal apontou ainda que os aportes feitos pela funds representam uma concentração de risco, configurando uma “monoação” que viola princípios de diversificação e proteção financeira dos recursos públicos.
Incertezas e risco de custo para o Tesouro
O relatório do TCE também destaca que o Fundo de Pensões do Rioprevidência tinha cerca de R$ 960 milhões em Letras Financeiras do Banco Master, títulos sem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Desde maio, técnicos do tribunal alertaram para irregularidades nas aplicações, que poderiam implicar na assunção de riscos pessoais pelos gestores do fundo.
Apesar das dificuldades, o investimento no ativo foi reforçado em setembro, em uma nova remessa de R$ 50 milhões, apenas duas semanas antes do pedido de recuperação judicial da Ambipar. A decisão foi fortemente criticada por especialistas e pelo próprio TCE, que alertou para a alta concentração de risco em ações de uma mesma empresa.
Repercussões e futuras ações
O TCE determinou que o Rioprevidência se abstenha de realizar novos investimentos em empresas do grupo Bancho Master enquanto a crise não for resolvida. O relator do processo, conselheira Mariana Montebello Willeman, afirmou que os aportes configuram um “risco extremo” aos recursos públicos, com chances de prejuízo ao erário caso a recuperação judicial da Ambipar não seja bem-sucedida.
O Banco Master e o Rioprevidência não se manifestaram até o momento do fechamento desta reportagem. A Ambipar declarou que não comentaria os fatos. A crise da empresa de gestão ambiental agravou-se desde a sua tentativa de adiar a divulgação do balanço, explicando que o atraso decorre do processo de recuperação judicial e da revisão das informações financeiras.
De acordo com o relatório do TCE, há um risco potencial de que o Tesouro estadual possa ser acionado, caso os ativos investidos pelo fundo não sejam suficientes para cobrir as perdas, gerando impacto negativo nas contas públicas. Para mais detalhes, acesse o fonte original.


