A Operação Sem Desconto, fruto de investigações da Polícia Federal (PF), ganhou uma nova fase nesta quinta-feira, revelando implicações graves sobre um suposto “núcleo político” que tinha a missão de garantir acordos irregulares no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O inquérito divulgado destaca a existência de um grupo organizado, que não somente mantinha os acordos, mas também protegia os envolvidos de investigações externas.
Papel do núcleo político nas irregularidades do INSS
O documento assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, descreve o “Núcleo Político e de Apoio” como um dos três principais pilares de uma organização criminosa (ORCRIM). Esse núcleo era formado por parlamentares e assessores, com um objetivo claro: assegurar a continuidade do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) estabelecido entre entidades sindicais e o INSS, ao mesmo tempo que blindava os suspeitos de possíveis investigações externas.
Com a evolução das investigações, a PF apontou o deputado federal Euclydes Marcos Pettersen Neto, do Republicanos de Minas Gerais, como um dos integrantes-chave desse núcleo. Ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão, e como medida cautelar, teve que colocar uma tornozeleira eletrônica.
Investigações detalham repasses milionários
De acordo com os relatos da PF, o nome de Pettersen aparece em planilhas que sugerem pagamentos mensais a ele, sob o codinome “Herói E”. Os investigadores esclarecem que a intenção desses pagamentos era proporcionar proteção política para a entidade associativa, permitindo que o convênio com o órgão previdenciário fosse mantido sem obstruções. A PF classifica o deputado como “a pessoa melhor paga na lista de propina” e identificou que ele teria recebido pelo menos R$ 14,7 milhões através de uma loteria e de uma construtora.
Essa trajetória de corrupção envolvendo figuras políticas de alto escalão chama atenção para a necessidade de transparência e fiscalização nas relações entre entidades sindicais e órgãos públicos. A descoberta de um esquema tão complexo para a proteção de interesses pessoais e políticos gera um alarme sobre a integridade do sistema previdenciário e a confiança do cidadão nas instituições.
Defesa do deputado e reações à operação
Em resposta às acusações, o deputado Pettersen emitiu uma nota afirmando que “apoia integralmente o trabalho das autoridades competentes” e se coloca “à inteira disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários”. Em sua declaração, Pettersen expressou fé na justiça e na importância de investigações conduzidas com legalidade e transparência.
As reações à operação foram instantâneas, com analistas políticos e cidadãos clamando por mais ações efetivas que garantam a integridade e a responsabilização de figuras públicas envolvidas em corrupção. A natureza interligada dos eventos destacados pela PF, indica que o problema da corrupção não é isolado e requer uma abordagem abrangente para a sua erradicação.
Próximos passos da investigação
A futura evolução dessa investigação será monitorada de perto, sendo um termômetro para o combate à corrupção no Brasil. Especialistas sugerem que a população aumente sua participação no controle da política, colaborando para um ambiente de maior responsabilidade. Além disso, a pressão social por mais rigor nas leis e nos mecanismos de controle se torna cada vez mais relevante.
A Operação Sem Desconto pode ser um marco na luta contra a corrupção, mas a consolidação de resultados e a efetivação das promessas de justiça ainda dependem de ações concretas e contínuas por parte das autoridades e da sociedade.
Com o desvendamento dessas intricadas relações entre políticos e entidades do INSS, a expectativa é que novas informações surjam, verdadeiras ou não, mas que sempre desafiem a sociedade a questionar e exigir um futuro livre de corrupção.


