Brasil, 13 de novembro de 2025
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Morte de menino em Santos completa um ano e investigações continuam

A morte de Ryan, atingido em operação policial, completa um ano e família busca justiça enquanto investigações permanecem abertas.

Há exatamente um ano, o menino Ryan da Silva Andrade Santos, de apenas 4 anos, teve sua vida interrompida de forma trágica ao ser atingido por um disparo efetuado pela arma de um policial durante uma operação no Morro São Bento, em Santos, no litoral paulista. O caso, que chocou a cidade e o país, ainda está em investigação pela Polícia Civil, enquanto a família transforma o luto em uma luta incessante por justiça.

Os detalhes da tragédia

O incidente ocorreu em 5 de novembro de 2022, quando policiais militares realizavam uma perseguição a dois adolescentes suspeitos de crimes — um deles acabou morrendo e o outro ficou ferido durante a ação. Tragicamente, enquanto Ryan brincava com outras crianças na calçada, ele foi atingido no abdômen por um projétil. A perícia da Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou que o disparo partiu da arma do cabo da PM Clovis Damasceno de Carvalho Junior. O laudo indicou que o tiro ricocheteou em uma superfície dura antes de atingir o menino, mas a origem exata do impacto permanece desconhecida.

Um ano sem respostas

Após um ano da fatalidade, a Justiça ainda não se manifestou completamente sobre o caso. Durante esse período, a autoridade policial já solicitou sete prorrogações de prazo para concluir o inquérito. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que aguarda um laudo complementar do Instituto Médico Legal (IML), que se refere a um exame do adolescente sobrevivente da operação. O caso se encontra sob a investigação da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos e está sob segredo de Justiça.

Vale ressaltar que o Inquérito Policial Militar (IPM) relativo ao caso foi finalizado e enviado ao Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo em janeiro de 2023. Na ocasião, sete policiais foram temporariamente afastados, mas já retornaram às suas funções nas ruas.

Em atualizações, o Ministério Público (MP-SP) também está acompanhando os inquéritos das polícias Civil e Militar e instaurou um procedimento independente para investigar as circunstâncias das mortes relacionadas à operação. Segundo o órgão, os trabalhos estão em fase avançada.

Do luto à luta: a história de Beatriz

Ryan não foi a única vítima da violência policial na família. Seu pai, Leonel Andrade Santos, de 36 anos, foi morto por policiais quase nove meses antes, no mesmo bairro, durante a Operação Verão, que resultou em várias mortes na região. Beatriz da Silva Rosa, viúva de Leonel e mãe de Ryan, está se esforçando para cuidar de seus outros dois filhos, de 8 e 11 anos, enquanto lida com a dor de perder o filho e o marido.

“Eles não querem doar os brinquedos do irmão, mas também não mexem. Eles perderam a infância junto com a morte do irmão e do pai”, lamenta Beatriz. Ela enfatiza a importância de ensinar seus filhos a não sucumbirem à sede de vingança. “Eu costumo falar que transformei o luto em uma luta. Estamos tentando nos reerguer e buscar justiça”, compartilha.

Para Beatriz, cada notícia sobre a morte de outras pessoas em operações policiais reviver a dor da perda. “Cada vez que vejo vídeos das mães que perderam seus filhos, sinto como se morresse um pouco por dentro. Eu sei na pele como é essa dor. Não é normal perder um filho por causa da polícia, nem para ele se tornar um criminoso”, finaliza com tristeza.

Conclusion

Um ano após a morte de Ryan, as investigações ainda estão longe de uma conclusão, e a família continua a busca incansável por justiça. A história de Beatriz é um retrato não apenas de uma tragédia pessoal, mas de uma realidade que afeta muitas famílias brasileiras. Enquanto a comunidade clama por respostas e mudanças, a luta da família, que transformou o luto em ação, serve de exemplo para aqueles que buscam justiça em meio à dor.

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