No contexto de uma crescente tensão entre os EUA e a Colômbia, o presidente colombiano Gustavo Petro declarou em uma entrevista à NBC News que a inteligência “não é para matar”. A declaração vem à tona após sua decisão de interromper o compartilhamento de informações com os Estados Unidos, em resposta a ataques aéreos que visavam barcos suspeitos de transportar drogas ilícitas.
A crítica de Petro ao presidente dos EUA
Petro, que é um ex-revolucionário marxista, não hesitou em criticar o ex-presidente Donald Trump, chamando-o de “bárbaro” que busca intimidar os países da América Latina. Ele descreveu o aumento militar dos EUA na região como uma “agressão indiscutível”. Em sua visão, a colaboração nas questões de inteligência deveria se concentrar na busca por soluções pacíficas para os problemas do narcotráfico.
Suspensão do compartilhamento de inteligência com os EUA
“Colômbia não passará informações, pois estaríamos colaborando com um crime contra a humanidade”, enfatizou Petro durante a entrevista no palácio presidencial em Bogotá. O presidente reconheceu que a inteligência é fundamental na luta contra o tráfico de drogas, mas insistiu que este recurso “não deve ser usado para matar”.
Descrevendo Pessoa os ataques dos EUA como “morte” e “assassinato”, Petro reafirmou sua postura ao anunciar a suspensão do compartilhamento de inteligência com Washington, o que representa uma significativa alteração nas relações bilaterais.
Consequências dos ataques militares dos EUA
O descontentamento de Petro se intensificou nos últimos meses devido a uma série de ataques militares dos EUA no Caribe e no Pacífico oriental, que resultaram na morte de dezenas de pessoas. Estes ataques foram justificados por Trump como ações necessárias em um “conflito armado” contra cartéis de drogas, no entanto, a administração norte-americana não apresentou evidências concretas que sustentem essa narrativa.
O presidente colombiano afirmou que é importante distinguir entre trabalhadores e criminosos, destacando que muitas das pessoas afetadas pelos ataques são “pobres pescadores, que, em sua pobreza, são contratados pelos criminosos”. Petro defendeu a necessidade de um tratamento mais civilizado e legal no enfrentamento do tráfico de drogas.
Reações à postura de Petro
A administração Biden respondeu às críticas de Petro, enfatizando que os ataques visavam proteger os interesses dos EUA e reduzir o fluxo de drogas. Um funcionário da Casa Branca alegou que não é surpreendente que Petro estivesse em desacordo com as operações que visam “interromper o fluxo de drogas para o nosso país” e insinuou que a culpa pelo crescimento dos cartéis na Colômbia recai sobre as políticas mal-sucedidas de Petro.
Reações internacionais
Outros países, como o Reino Unido e a França, também expressaram preocupações sobre a legalidade das operações militares dos EUA, suspendendo o compartilhamento de informações por motivos semelhantes. O Ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, classificou os ataques como uma “violação do direito internacional”.
Futuro das relações entre Colômbia e EUA
A escalada das tensões entre os dois países levanta preocupações sobre o futuro das relações. A decisão de Petro de suspender a inteligência compartilhada é um indicativo claro de que a Colômbia busca uma nova abordagem nas suas políticas antidrogas e na sua relação com os EUA.
Com essas mudanças, Petro parece determinado a seguir um caminho mais autônomo em sua política, embora reconheça a complexidade do problema do narcotráfico na Colômbia. Ele também não se esquivou de questionar as credenciais de outros líderes na região, como Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, dizendo que não existe liderança legítima na atualidade.
O cenário geopolítico na América Latina continua a se desenrolar, com implicações significativas para a segurança regional e as políticas de combate ao narcotráfico.


