O recente processo de recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, na qual a votação foi acirrada no Senado, trouxe novas reflexões ao Palácio do Planalto sobre a futura indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com a aprovação de Gonet acontecendo por 45 votos a 26, Lula busca minimizar as dificuldades políticas para garantir que a escolha de Messias não enfrente o mesmo cenário de tensão.
Repercussões da votação de Gonet
A votação da recondução de Gonet foi a mais apertada desde a redemocratização e deixou claro que existem divisões significativas no Senado, refletindo a postura e decisões do procurador-geral, especialmente em relação à denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no contexto da tentativa de golpe de 2022. A condução de Gonet neste caso e suas consequências suscitaram reações em diversos setores, levando muitos a avaliarem sua atuação de maneira crítica.
A aprovação de Gonet serviu como um termômetro das atuais relações entre o Supremo e o Senado, bem como destacou os desafios que o governo enfrentou para garantir a continuidade de alguém alinhado a sua visão política. Contudo, os aliados de Lula enxergam a situação com otimismo quando se trata de Messias, considerando que sua indicação pode não ter os mesmos obstáculos que Gonet enfrentou.
Trajetória de Jorge Messias e as expectativas do Planalto
Jorge Messias, atual advogado-geral da União, é visto como um candidato que pode ter sua trajetória pessoal e profissional avaliada de forma mais neutra. Diferente de Gonet, Messias não possui as mesmas acusações de conexões problemáticas com o bolsonarismo, o que o colocaria em uma posição mais favorável diante do Senado. A expectativa é que, ao ser indicado, ele deixaria para trás a disputa com outros possíveis candidatos, como Rodrigo Pacheco e Bruno Dantas, que ainda almejam a vaga.
O Palácio do Planalto tem ressaltado que a indicação de Messias deverá ser feita de forma estratégica, o que significa que, antes de qualquer anúncio oficial, Lula deve consultar aliados e monitorar a disposição do Senado quanto à aceitação do nome apresentado, buscando garantir uma aprovação mais tranquila.
Desafios e estratégias na articulação política
No entanto, mesmo com Messias sendo o favorito, Pacheco e Dantas não desistiram da disputa e devem ser considerados na articulação política interna. Lula tem a intenção de realizar reuniões com os principais aliados, incluindo Pacheco, para avaliar a possibilidade de um consenso ou mesmo um apoio em torno do nome de Messias.
Conforme reforçou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, a confiança parece ser um norte para a escolha de Messias, que, segundo ele, está consolidada e não deve ser revertida. Contudo, essa afirmação pode ser também vista como uma estratégia para sondar a posição do Senado quanto à aceitação do advogado-geral.
A dinâmica no Senado e as especulações sobre o futuro
Enquanto isso, a oposição se articula e observa atentamente o movimento do governo. A escolha de Messias poderá ainda abrir um caminho para novas dinâmicas de poder no Senado, com novas alianças e conflitos surgindo após a resistência apresentada durante a votação de Gonet.
Com a possibilidade de uma consulta mais profunda entre Lula e alguns líderes do Senado, a expectativa quanto à aprovação de Messias se manterá aquecida nas próximas semanas. A pressão em torno da escolha se intensificará, particularmente em um ano de transição para o governo, onde a estabilidade política será essencial para manter a agenda governamental em andamento.
Assim, a negociação política entre o presidente e o Senado se mostra crucial e o resultado dessa articulação poderá influenciar não somente a posição de Messias, mas também o relacionamento das instituições perante os desafios que o Brasil enfrenta atualmente.



