O ex-prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, anunciou nesta quinta-feira (13) seu afastamento do cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano. A decisão ocorre após a realização da operação da Polícia Federal (PF) chamada de “Lamaçal”, que investiga desvios de verbas e crimes relacionados à administração pública durante as enchentes de 2024.
Contexto da Operação Lamaçal
A Operação Lamaçal foi desencadeada na última terça-feira (11) e busca apurar alleged crimes financeiros e corrupção na gestão de recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). A investigação foca nos repasses feitos à administração de Lajeado, onde Caumo foi prefeito entre 2017 e 2023. A operação revela um possível esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos em um momento crítico para a cidade, que sofreu severos danos nas enchentes do ano passado.
“Mesmo sem ter ciência ainda dos dados do processo, a gente vai fazer as defesas, mas fica com aquele sentimento de injustiça muito latente no coração”, afirmou Caumo em suas redes sociais, reconhecendo a gravidade das acusações e se colocando à disposição para esclarecer os fatos.
Irregularidades nas contratações
A PF identificou irregularidades em processos licitatórios feitos pela prefeitura de Lajeado para a contratação de serviços essenciais, como psicólogo, assistente social e motorista. Segundo a investigação, as contratações foram feitas de forma direta, com a justificativa de um estado de calamidade pública declarado no município. Contudo, a PF apontou que essas contratações podem ter ocorrido sem a observância dos princípios que regem a administração pública, como a busca pela proposta mais vantajosa e a adequação dos valores ao mercado.
A soma total dos contratos analisados chega a cerca de R$ 120 milhões, levantando sérias preocupações sobre a transparência e a destinação dos recursos públicos.
Reação do governo estadual
Ainda na terça-feira, a administração do Rio Grande do Sul emitiu uma nota afirmando que a investigação não tem relação com as atividades de Marcelo Caumo na secretaria. A informação busca distanciar a responsabilidade da atuação de Caumo como secretário, ressaltando que as irregularidades detectadas se referem a sua gestão anterior como prefeito.
Impacto nas enchentes e a responsabilidade pública
Lajeado foi uma das cidades mais afetadas pelas enchentes de 2024, o que intensificou a necessidade de uma gestão pública eficiente na destinação dos recursos recebidos para recuperação e assistência à população. As ações que envolvem o desvio de verbas em momentos críticos como esses impactam diretamente vidas de pessoas que dependem de apoio do governo em situações emergenciais.
Com o afastamento de Caumo, o estado agora enfrenta o desafio de garantir que as investigações sejam conduzidas de maneira transparente e que a reforma do sistema administrativo, caso necessário, seja implementada de forma que aumente a confiança da população na gestão pública.
O caso é emblemático e ressalta a importância da fiscalização e da accountability na gestão dos recursos públicos, especialmente em situações de crise. A sociedade civil, assim como órgãos de controle, têm um papel fundamental em acompanhar a evolução da investigação e garantir que os responsáveis por possíveis desvios sejam apontados e punidos.
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