Recentemente, uma pesquisa realizada pela Gallup revelou que, por dois anos consecutivos, cerca de uma em cada cinco pessoas nos Estados Unidos manifestou o desejo de deixar o país e se mudar permanentemente para outro lugar. Essa tendência é particularmente notável entre mulheres jovens, evidenciando uma mudança significativa na percepção e nas aspirações desse grupo demográfico.
Desejo crescente entre mulheres jovens
Os dados mostram que em 2025, 40% das mulheres entre 15 e 44 anos afirmaram que mudariam para o exterior de forma permanente, caso tivessem a oportunidade. Este número é quatro vezes maior em comparação com apenas 10% em 2014, quando o desejo de migração estava em níveis similares aos de outros grupos etários e de gênero.
A pesquisa da Gallup, realizada em 2016, indicou um aumento decisivo no desejo de migração entre mulheres jovens, coincidentemente no último ano do mandato do presidente Barack Obama. Com a ascensão de Donald Trump ao poder, o desejo de deixar o país cresceu continuamente, alcançando 44% no último ano do mandato do presidente Joe Biden e mantendo-se em níveis elevados até 2025. Essa tendência sugere uma mudança de opinião mais ampla entre mulheres jovens, sem ser limitada apenas a questões partidárias.
Uma lacuna de gênero expressiva
A diferença entre homens e mulheres jovens que desejam deixar os EUA é alarmante. Em 2025, a lacuna de 21 pontos percentuais entre homens (19%) e mulheres (40%) que aspiram a deixar o país representa o maior desvio já registrado pela Gallup nesse contexto. Ao longo dos anos, poucos países mostraram uma diferença de gênero tão significativa no desejo de migração.
Embora a Gallup comece a medir essa questão globalmente desde 2007, esse é o primeiro caso em que os EUA registraram um desvio superior a 20 pontos percentuais entre homens e mulheres jovens. Isso levanta questões sobre as condições sociais que influenciam esse fenômeno.
Causas e contextos políticos
A pesquisa também destacou que o desejo de sair do país não é impulsionado apenas pelo gênero e pela idade, mas também por atitudes políticas. Em 2025, a diferença de 25 pontos percentuais na vontade de migração entre americanos que apoiam e aqueles que desaprovam a liderança do país Ilustra um contexto político cada vez mais polarizado. Enquanto o desejo de deixar os Estados Unidos não era uma questão politicizada anteriormente, a eleição de Trump em 2016 alterou essa dinâmica.
O aumento da vontade de deixar o país entre as mulheres jovens do Partido Democrata é evidente. Atualmente, 59% das mulheres entre 18 e 44 anos se identificam ou tendem a se alinhar ao partido, em contraste com 39% dos homens jovens. Isso reflete uma análise mais profunda das reivindicações políticas e como elas se interconectam com os desejos sociais.
Familiares e o desejo de migração
Entre as mulheres americanas de 18 a 44 anos, a vontade de migrar aumentou independentemente do estado civil. Entre 2024 e 2025, pelo menos 41% das mulheres casadas e 45% das solteiras manifestaram o desejo de deixar sua terra natal permanentemente. Essa mudança é um reflexo de que as mulheres casadas estão cada vez menos vendo o casamento como um impedimento à migração.
Além disso, o desejo de se mudar também se estende às mulheres jovens que têm filhos pequenos em casa, com 40% delas afirmando que gostariam de deixar os EUA, um número semelhante ao de 44% entre aquelas sem filhos. Essa tendência sugere que, caso decidam migrar, muitas delas levariam a próxima geração junto.
Desconfiança nas instituições
Um aspecto importante que exacerba o desejo de migração entre as mulheres jovens é a perda de fé nas instituições americanas. Nos últimos anos, esse grupo demográfico teve a maior queda na confiança em instituições como governo, sistema judiciário e a integridade das eleições.
Desde 2015, a pontuação das mulheres jovens caiu 17 pontos, o declínio mais acentuado entre todas as idades e gêneros, refletindo uma ampliação das frustrações em relação à governança e à eficácia das instituições.
Considerações finais
Os dados da Gallup revelam que um número crescente de americanos, especialmente mulheres jovens, está contemplando seriamente a possibilidade de deixar os Estados Unidos para sempre. Essa migração potencial, impulsionada por fatores sociais, políticos e emocionais, vai além de simples tendências, indicando uma mudança nas aspirações de vida e na busca por um futuro em ambientes mais favoráveis e promissores.
Desse modo, a pesquisa não só destaca um fenômeno social crescente, mas também clama por uma reflexão crítica sobre as condições que estão levando a essas decisões dramáticas entre mulheres jovens na América.

