Brasil, 13 de novembro de 2025
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Críticas à política econômica de Trump: uma análise de Mariana Mazzucato

A economista Mariana Mazzucato critica a abordagem de Trump em sua política industrial, destacando a falta de uma estratégia coerente.

A ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem buscado moldar uma visão própria de capitalismo, marcada por intervenções federais extraordinárias na economia. Essas intervenções vão desde participação em empresas privadas até a imposição de tarifas e cortes de impostos. Apesar da ênfase na criação de valor, a renomada economista, Mariana Mazzucato, questiona a coerência e a estratégia que norteiam essas ações.

A perspectiva de Mazzucato sobre a estratégia de Trump

Mazzucato, economista de renome global e autora de obras que defendem a interseção entre o setor público e o privado, caracteriza as políticas de Trump como um “hodgepodge idiossincrático”. Em uma entrevista à POLITICO Magazine, a economista aponta que o ex-presidente não está se perguntando sobre quais problemas precisam ser resolvidos ou como os investimentos públicos podem ajudar a contorná-los. Em vez disso, segundo Mazzucato, Trump tem se limitado a distribuir recursos de forma aleatória e a tomar ações sem uma visão de futuro.

A importância de uma estratégia industrial coesa

O verdadeiro desafio, defende Mazzucato, é que qualquer política de intervenção do Estado deve estar atrelada a uma estratégia clara. O caso de Silicon Valley, por exemplo, é frequentemente citado como um exemplo do que pode ser alcançado quando há uma visão conjunta de investimentos, tanto em termos de capital quanto de incentivos.

Segundo Mazzucato, o papel do Estado não deve se limitar à redistribuição de riqueza, mas também à criação de um ambiente onde as empresas possam prosperar. A economista acredita que, para que as políticas de Trump tenham sucesso, elas devem ser implementadas dentro de um contexto estratégico que vise à inovação e à transformação industrial.

Equidade como uma ferramenta de política industrial

Uma das discussões centrais na análise de Mazzucato é a ideia de participação do governo nas empresas. Ela destaca que a aquisição de ações por parte do governo só faz sentido dentro de uma estratégia industrial. A política industrial deve ser uma combinação de várias medidas, e apenas a tomada de ações isoladas, como subsidiar ou impor tarifas, não constitui uma estratégia robusta.

Mazzucato argumenta que a falta de uma estratégia holística por parte do governo Trump resulta em intervenções que carecem de uma narrativa e objetivos claros. O investimento em empresas deve vir acompanhado de condições que incentivem aqueles setores a inovar e a se tornarem competitivos.

Comparação com a administração Biden

A economista também fala sobre as políticas do presidente Joe Biden, comparando-as com as de Trump. Embora ambos os presidentes tenham se comprometido com a ideia de “fabricado na América”, Mazzucato elogia a abordagem de Biden como sendo mais orientada para a inovação e a criação de valor a longo prazo, ao contrário do modelo mais punitivo e confuso de Trump.

A administração Biden, com iniciativas como o CHIPS Act, procurou não só injetar capital nas empresas, mas também impor condições que garantam re-investimentos na economia e a melhoria das condições de trabalho. Essa diferença de abordagem é vista por Mazzucato como essencial para a criação de um ambiente propício ao crescimento da indústria americana.

O futuro da política industrial nos EUA

Concluindo sua análise, Mazzucato frisa que é crucial que qualquer política industrial futura nos EUA não apenas busque trazer empresas de volta para o país, mas também que estas empresas permaneçam inovadoras e competitivas. Um estado que efetivamente ajuda as empresas deve oferecer um conjunto de políticas que estimulem a inovação e que possibilitem o crescimento de novas indústrias.

A história das inovações, como mostra Mazzucato, demonstra que a colaboração entre o setor público e o privado é fundamental. Sem uma estratégia que una essas entidades, existe o risco de o país perder sua capacidade competitiva no cenário global.

Assim, Mariana Mazzucato traz à luz uma crítica importante sobre a forma como os governos, independente de suas ideologias, devem gerenciar sua economia e a relação com o setor privado, sempre visando um futuro mais inovador e justo.

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