Os Correios estão em plena fase de busca por recursos financeiros para tentar superar a crise que enfrenta. Segundo interlocutores da estatal, o objetivo é levantar pelo menos R$ 5 bilhões até o final de 2024, a fim de cobrir despesas e quitar dívidas relacionadas ao próximo ano.
Desafios na captação de recursos e situação financeira
O esforço financeiro dos Correios decorre de dificuldades na obtenção de um empréstimo de R$ 20 bilhões, negociado anteriormente. A alta dos juros, aliada à exigência de garantias que a estatal não consegue atender, inviabilizou o acordo. Sem o reforço de caixa, a companhia enfrentará dificuldades para pagar salários e fornecedores.
Impacto do endividamento e custos elevados
Atualmente, a estatal enfrenta a obrigação de quitar um empréstimo de R$ 1,8 bilhão com bancos como BTG Pactual, Citibank e Banco ABC Brasil. Desde outubro, a empresa paga apenas os juros, pois, por conta de um descumprimento contratual sobre precatórios, o valor principal teve de ser antecipado, agravando ainda mais o cenário financeiro.
Regras rígidas e limites de precatórios
O contrato firmado em maio prevê restrições ao estoque de precatórios, dívidas judiciais que a empresa possui. Quando o valor ultrapassa R$ 900 milhões, há uma cláusula de pagamento antecipado mandatório do empréstimo. Com o estoque atual em mais de R$ 2 bilhões, os bancos podem reter valores na conta garantia a partir de 15 de novembro.
Prejuízos e planos de reestruturação
Em 2025, os Correios já contabilizam um prejuízo acumulado de R$ 4,3 bilhões, sendo R$ 2,6 bilhões apenas no segundo trimestre — quase cinco vezes superior ao mesmo período do ano passado. Para recuperar fôlego, a estatal discute fechar cerca de mil agências e realizar um programa de desligamento voluntário, com meta de economia de R$ 830 milhões.
Reformas e alternativas
Um fundo imobiliário, elaborado pela Caixa, também está sendo avaliado para gerar recursos a partir da venda de imóveis avaliados em R$ 5,4 bilhões. No entanto, a demora na obtenção de informações técnicas tem dificultado a estruturação da operação.
Gestão e mudanças na diretoria
Recentemente, os Correios promoveram uma troca na liderança, a primeira desde a chegada do novo presidente. Os executivos Juliana Picoli Agatte, Getúlio Marques Ferreira e Sérgio Kennedy Soares Freitas deixaram a estatal, sendo substituídos por Luiz Cláudio Ligabue, José Marcos Gomes e Natália Teles da Mota, respectivamente.
Riscos e o cenário macroeconômico
Segundo relatório do Tesouro Nacional, o governo enfrenta risco de aumento da dívida pública caso precise injetar recursos em outras estatais em crise, como a Infraero, ENBPar e Companhias Docas. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) deve alcançar 79% do PIB ao final de 2025, subindo para 84,2% em 2028.
Especialistas alertam que, sem melhorias na arrecadação ou privatizações, a situação financeira dos Correios pode se agravar ainda mais, contribuindo para o aumento do endividamento geral do país. A busca por soluções, incluindo alternativas como fundos imobiliários, permanece como prioridade na tentativa de evitar um colapso maior.
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