Nesta quarta-feira (12), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Coffee Break, que visa desmantelar um esquema de fraudes em licitações públicas na cidade de Limeira, no estado de São Paulo. As investigações apontam que a Prefeitura de Limeira gastou cerca de R$ 10,7 milhões em produtos educacionais, incluindo kits de robótica e livros paradidáticos, de uma empresa suspeita de superfaturar seus produtos em até 35 vezes. A operação também abrangeu a cidade vizinha, Piracicaba.
O escândalo de superfaturamento
Segundo informações da PF, a empresa Life Educacional estaria vendendo mercadorias a preços exorbitantes, alcançando valores de até R$ 80 por livros que foram adquiridos por ela por valores que variam de R$ 1 a R$ 5. Este tipo de prática levantou sérias suspeitas sobre a legalidade das transações, levando as autoridades a realizar buscas em diversas propriedades, incluindo a residência do ex-prefeito de Limeira, Mario Botion.
A decisão judicial que autorizou a operação destaca que “a análise fria das notas fiscais” revela que a Life teria lucrado pelo menos R$ 50 milhões em contratos com outras prefeituras, como Sumaré e Hortolândia. Essas compras, segundo o relatório, foram feitas sem que a empresa demonstrasse capacidade financeira para suportar tais contratos.
Investigações sistemáticas contra corrupção
As investigações da PF desenterraram um emaranhado de irregularidades, incluindo a movimentação de valores para empresas de fachada e pagamentos indevidos a servidores públicos. Conforme apurado, a Life Educacional também teria transferido dinheiro para interlocutores do esquema de corrupção que atuava nas prefeituras. O uso do termo “café” foi destacado como uma gíria relacionada ao pagamento de propinas em espécie dentro da operação investigada, evidenciado por registros de compromissos agendados que mencionavam “Limeira: café”.
Consequências legais e reações das autoridades
Com pelo menos cinco veículos apreendidos e uma gama de documentos relevantes coletados durante as buscas, a PF não apenas intensifica a luta contra a corrupção, mas também manda um recado contundente sobre a seriedade da investigação. Os envolvidos poderão enfrentar acusações de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitações.
A Life Educacional, em resposta ao escândalo, optou por não comentar as acusações. Já a assessoria do ex-prefeito Mário Botion defendeu a regularidade do processo licitatório em sua gestão, ressaltando que todos os trâmites legais foram seguidos. A nota indica que, segundo seus argumentos, nenhum órgão de controle externo identificou irregularidades durante a administração.
A atual gestão e a CPI formada
A gestão municipal atual de Limeira, por sua vez, anunciou a abertura de sindicância para investigar os contratos firmados com a Life Educacional. Além disso, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi estabelecida pela Câmara Municipal para aprofundar as investigações sobre as irregularidades no processo licitatório. A primeira reunião da comissão está agendada para ocorrer na próxima sexta-feira (14), e será transmitida ao vivo.
Enquanto novos desdobramentos surgem diariamente, a população limeirense acompanha de perto esse caso que tem tudo para desdobrar ainda mais questões sobre a transparência e a legalidade nas gestões públicas. Essa operação não apenas desvela a atuação de fraudes que lesam o patrimônio público, mas também proporciona uma reflexão necessária sobre a vigilância dos cidadãos em relação à administração dos recursos públicos.
O cenário estabelece um precedente importante sobre a necessidade de maior fiscalização nas compras governamentais e a responsabilidade dos administradores públicos em garantir a lisura nas contratações. A Operação Coffee Break revela que a corrupção não é uma questão isolada, mas um problema estrutural que exige uma resposta contundente e integrada das instituições envolvidas.
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