Brasil, 21 de dezembro de 2025
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Início da COP30 em Belém: Desafios e Expectativas para o Clima

A COP30 em Belém começa com promessas de ações climáticas, mas desafios e contradições permeiam as negociações.

A Conferência do Clima da ONU, COP30, tem início nesta segunda-feira (10/11) em Belém. Com obras concluídas a tempo e um investimento de quase R$ 1 bilhão no Parque da Cidade, a conferência promete ser um marco nas negociações climáticas. Os olhos do mundo se voltam para a Amazônia, região que simboliza a luta contra a mudança climática e a proteção da biodiversidade.

Expectativas e Desafios em Belém

A COP30 ocorre em um contexto de urgência ambiental, com países lutando para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, meta estabelecida no Acordo de Paris. Durante a conferência, as esperanças são altas, mas, como alerta Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, implementar medidas efetivas é um desafio. Segundo ela, “os países não podem só jogar para a frente. Não é sobre daqui a 10 anos, não é sobre 2050 – é sobre o que a gente está fazendo agora, já que estamos muito perto de 1,5 °C.”

Os desastres climáticos estão se tornando mais frequentes em todo o mundo, com eventos extremos, como tornados que devastaram o Paraná, lembrando a necessidade iminente de estratégias eficazes na COP30. Joab Okanda, observador da conferência do Quênia, destaca a realidade de sua região, onde os deslizamentos de terra têm causado tragédias, e a assistência governamental tem sido comprometida devido à emergência climática.

Preocupações com o Greenwashing

Um dos grandes debates da COP30 gira em torno da presença de empresas que historicamente contribuíram para a degradação ambiental, como a mineradora Vale, que supostamente financiou a construção do parque que abriga a conferência. Mario Tito Almeida, da Universidade da Amazônia, expressa preocupação: “Temos receio de que a Conferência em Belém seja um grande momento de greenwashing”. Para ele, é fundamental avaliar ações concretas em vez de marketing ambiental.

A zona verde da conferência será um espaço onde empresas e instituições poderão apresentar suas iniciativas de combate às mudanças climáticas. Um levantamento feito pela equipe de Almeida revela que existem pelo menos 342 projetos relacionados, a maioria deles sendo promovidos por entidades públicas.

Metas de Adaptação e Necessidade de Financiamento

Durante a COP30, os países mais vulneráveis, em especial os da África, esperam definir uma meta global de adaptação às mudanças climáticas e garantir fontes de financiamento confiáveis. Joab Okanda ressalta que “estamos falando de doações, previsíveis e estáveis, e não de empréstimos ou promessas que acabam não sendo cumpridas”. A falta de decisões concretas neste sentido seria considerada um fracasso para a conferência.

As expectativas de um resultado positivo envolvem a criação de alternativas claras para a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas e um comprometimento verdadeiro dos países mais ricos em assumir a responsabilidade pelos danos ambientais que causaram ao longo dos anos.

A Presença Indígena e o Papel da Amazônia

A COP30 é a primeira realizado no Brasil e também destaca a presença significativa de representantes indígenas. Para Toya Manchineri, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o sucesso da conferência será medido pela inclusão de seus direitos nas negociações. “Uma conferência bem-sucedida seria aquela em que nossos direitos estejam presentes de forma concreta no texto final das negociações”, afirma ele, ressaltando a importância da voz indígena na proteção da Amazônia.

Outro ponto de contradição é o fato de que, enquanto o mundo se volta para a Amazônia em busca de soluções climáticas, projetos de exploração petrolífera continuam a avançar na região. Camila Mercure, da Fundação Ambiente e Recursos Naturais, destaca que “observa-se as cartas da presidência da COP e o discurso oficial, mas, em paralelo, continuam avançando projetos de exploração”.

Estratégia e Mobilização pelo Clima

O embaixador André Corrêa do Lago, em sua função como presidente da COP30, lançou cartas à comunidade global, visando mobilizar ações concretas contra as mudanças climáticas. A abordagem inovadora e o estilo brasileiro trazem um novo enfoque, destacando o papel mediador do Brasil nas negociações.

Marcele Oliveira, jovem Campeã do Clima, acredita que este pode ser um momento crucial de mobilização por justiça climática. “Se a procura por COP30 já aumentou em 400%, queremos ver a educação ambiental em todas as escolas”, diz ela, almejando um Brasil que lidere a luta contra o risco climático no Sul Global.

Com um cenário promissor, mas repleto de desafios, a COP30 em Belém certamente será um capítulo fundamental na história das negociações climáticas. As decisões tomadas nas próximas semanas podem mudar o rumo do enfrentamento da crise climática e determinar a preservação das futuras gerações.

Para mais informações, siga [Metrópoles](https://www.metropoles.com) e fique por dentro das atualizações sobre a COP30 e suas implicações globais.

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