Em um cenário de tensão entre o governo Lula e a presidência da Câmara, ocupada por Hugo Motta (Republicanos-PB), o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), denunciou o que chamou de “furto com abuso de confiança”. A declaração foi feita em relação às modificações no relatório do Projeto de Lei (PL) Antifacção, que visa fortalecer o combate às facções criminosas, e que foi relatado pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP).
A acusação e o impacto no PL Antifacção
Lindbergh Farias utilizou o Código Penal para exemplificar sua crítica, referindo-se ao artigo 155, §4º, II, que define o furto com abuso de confiança. O líder petista argumentou que as alterações feitas no projeto subtraíram a autoria e o espírito original da proposta, que foi elaborada pelo Ministério da Justiça com o objetivo de endurecer penas, bloquear bens das organizações criminosas e criar o Banco Nacional de Facções Criminosas. “Foi exatamente isso que fizeram com o presidente Lula”, disse Farias, em publicação no X (antigo Twitter).
Farias afirmou que as mudanças feitas pelo relator contaminam o texto original e transformam uma política pública nacional em um instrumento de disputa eleitoral. “Essa alteração desfigura o conteúdo técnico e desvia o propósito do PL”, completou.
Alterações propostas por Guilherme Derrite
Na noite de sexta-feira (7/11), Guilherme Derrite apresentou o relatório do PL Antifacção, que foi enviado pelo governo federal. Dentre as suas propostas, destaca-se a ideia de que ações armadas e de controle territorial promovidas por facções sejam tratadas com as mesmas punições atribuídas a atos de terrorismo, variando entre 20 a 40 anos de prisão.
Derrite destacou que não se pretende classificar as organizações criminosas como “organizações terroristas” em sentido estrito, mas sim reconhecer que certas práticas cometidas por essas estruturas têm efeitos sociais e políticos equivalentes aos atos de terrorismo, justificando um tratamento penal com a mesma gravidade e consequências jurídicas.
Consequências e riscos apontados por Lindbergh
O líder do PT levanta preocupações em relação às implicações internacionais da nova proposta. Ele alega que o texto abre uma brecha para a aplicação de tratados internacionais contra o terrorismo, o que poderia levar a sanções financeiras, congelamento de bens e cooperação policial com outros países.
“Em vez de fortalecer o Estado brasileiro, o relator criou um risco real à soberania nacional e transformou o combate ao crime em uma arma eleitoral e diplomática, um verdadeiro furto político, cometido sob o manto da confiança”, afirmou Lindbergh.
A importância do PL Antifacção
O PL Antifacção é considerado um dos projetos mais importantes para o governo atual, especialmente na luta contra o crime organizado e o fortalecimento da segurança pública. Originalmente, a proposta tinha como objetivo aumentar o controle sobre as facções criminosas e melhorar a eficácia das ações das autoridades contra essas organizações.
O debate em torno do projeto traz à tona questões cruciais sobre a relação entre política e emergência da segurança pública, levantando a necessidade de haver um entendimento mais claro sobre as implicações das alterações feitas no texto original. Com a crise de confiança entre os poderes, a discussão se torna ainda mais relevante para os rumos da governabilidade no Brasil.
Perspectivas futuras
À medida que o clima político continua a se intensificar, é essencial que o governo e a Câmara dos Deputados busquem um diálogo aberto e construtivo. A capacidade de transformar propostas legislativas em ações efetivas e que preservem a confiança pública é crucial para o futuro da segurança pública no país.
O desenrolar dessa situação será observado de perto pelos cidadãos e analistas políticos. Compreender as nuances dessa crise e suas implicações é fundamental para o fortalecimento da democracia e da confiança nas instituições brasileiras.


