O renomado historiador israelense Yuval Noah Harari, autor do best-seller “Sapiens”, esteve em visita ao Brasil nesta semana, onde participou de um evento promovido pelo Fronteiras do Pensamento e foi entrevistado pelo apresentador Luciano Huck. Em sua fala, Harari abordou questões contemporâneas como a inteligência artificial, a meditação e até chegou ao encantador mundo do futebol, oferecendo uma perspectiva rica e provocativa sobre esses temas.
Inteligência artificial e o futuro da escrita
Harari, conhecido por sua habilidade em provocar reflexões profundas, trouxe um alerta sobre o futuro da escrita e da criatividade em um mundo dominado por inteligência artificial. Ao comentar sobre seu próximo livro, o historiador mencionou que acredita que esta poderá ser sua última obra, uma vez que, segundo ele, em breve as máquinas serão capazes de organizar ideias e criar narrativas de forma mais eficaz do que os seres humanos. Essa afirmação levanta uma questão crítica: o que significa ser humano em uma era onde a tecnologia pode superar a inteligência e a criatividade individuais?
Durante a entrevista, Harari não apenas se limitou a discutir sobre a IA, mas também refletiu sobre a importância de práticas como a meditação, que ele exerce há mais de 25 anos. Para ele, a meditação é uma ferramenta essencial para entender a mente humana e os desafios do mundo moderno.
A paixão pelo futebol
Um dos momentos mais interessantes da conversa ocorreu quando Harari foi questionado sobre sua relação com o futebol. Em vez de mencionar um clube específico, sua resposta destacou o ritmo e a dinâmica do jogo. Ele afirmou que a verdadeira essência de uma partida não pode ser capturada em uma edição de melhores momentos. Para Harari, é fundamental assistir aos 90 minutos completos do jogo, incluindo todas as interrupções e transformações que ocorrem durante a partida. Essa visão demonstra não apenas sua paixão pelo esporte, mas também uma metáfora sobre a vida: é preciso estar presente e atento a cada momento.
Reflexões sobre tempo e arte
Além da presença de Harari, a semana também trouxe outras reflexões significativas, como destacou a reportagem de Silvio Essinger no Jornal O Globo, que abordou a morte do músico Lô Borges. Nela, Borges compartilhou uma afinidade com a ideia de que sua produção musical se intensificou durante os anos da pandemia, onde compôs suficiente para lançar discos até 2025. Essa percepção de tempo e produtividade ilustra como as experiências pessoais moldam a relação de um artista com sua obra, uma reflexão pertinente em tempos tão desafiadores.
Em sua última entrevista, Borges comentou sobre sua rapidez em compor, dizendo que se uma música leva mais de meia hora para ficar pronta, é porque ele não a quer mais. Isso revela não só sua conexão com a arte, mas também a convicção de que o importante é o ato de criar, e não necessariamente o resultado final.
A arte e a concorrência no esporte
Outra questão levantada é a relação entre arte e competição. Embora a arte não seja originalmente competitiva, todos os meios artísticos, como a música, literatura e cinema, criaram premiações de reconhecimento. Harari e Borges, de maneiras distintas, compartilham uma visão sobre o valor da experiência plena em um determinado contexto – seja assistindo a um jogo completo ou vivendo o processo criativo sem se preocupar com a “competição”.
O que importa é a viagem
Portanto, enquanto Harari lança luz sobre a questão da IA e sua capacidade de transformar a sociedade, Lô Borges nos lembra da importância do tempo e do processo criativo na música. Ambos, em suas respectivas áreas, convidam à reflexão sobre o valor das experiências e o que realmente importa na jornada da vida, seja no campo, na sala de aula ou no palco.
Ao final de sua aparição no evento, Harari deixa uma mensagem clara: o essencial é estar presente e apreciar cada momento, aprendendo com a arte e o esporte, que são, na essência, partes interligadas da experiência humana.


