No último mês, uma professora e artista com mestrado tentou, mais uma vez, entrar no mercado de trabalho. Com um sorriso nervoso, entregou sua currículo pessoalmente a um estabelecimento com um cartaz grande que dizia “Estamos Contratando”. O que deveria ter sido uma oportunidade simples acabou se tornando uma experiência esmagadora e frustrante.
Rejeição silenciosa na era digital
Mesmo com várias qualificações, ela nunca recebeu uma ligação de volta. “Eles nunca ligaram de volta, mesmo após preencher um formulário e sorrir na porta”, relata. Apesar de horas ajustando currículos, eliminando detalhes de sua formação e tentando diferentes estratégias, o resultado permanece o mesmo: portas fechadas e um sentimento de invisibilidade crescente.
O peso da desvalorização e o sistema automatizado
Segundo especialistas, a atual dinâmica do mercado de trabalho torna difícil a inclusão de pessoas com diferentes níveis de experiência, idade ou formação. A história reflete uma realidade comum para milhões de brasileiros que, apesar de qualificados, enfrentam processos seletivos pautados por algoritmos e filtros que rechaçam candidatos considerados “overqualified” ou “não convencionais”.
Desafios enfrentados por candidatos experientes
Profissionais com vasto conhecimento, como a autora do relato, muitas vezes são descartados por sistemas que privilegiam critérios impessoais e desumanizados. “Aplicar online é como jogar uma moeda ao ar. Você nunca sabe se alguém vai ler seu currículo ou se ele simplesmente desaparece no labirinto das plataformas digitais”, diz praticante de RH.
Impactos emocionais e sociais
Além do impacto financeiro, a ausência de trabalho afeta a autoestima, o senso de propósito e a dignidade de quem busca uma oportunidade. A autora enfatiza: “Trabalho não é só dinheiro. É uma rotina, uma ocupação que dá sentido ao dia a dia”. Mas a dura realidade é que, muitas vezes, esses indivíduos são considerados “invisíveis” pela sociedade e pelo sistema.
A invisibilidade de quem não se encaixa nos padrões tradicionais
Ela explica que sua condição não a torna uma pessoa fragilizada ou problemática, mas sim uma representante de uma parcela silenciosa da população: pessoas formadas, dispostas a trabalhar, mas excluídas por padrões de recrutamento que privilegiam juventude, aparência ou conectividade digital.
Dados mostram que quase metade dos graduados em universidades brasileiras estão subutilizados, enfrentando anos de empregos que não aproveitam seu potencial [https://www.wsj.com/lifestyle/careers/college-degree-jobs-unused_440b2abd], muitas vezes por causa de filtros automatizados que rejeitam rapidamente candidatos qualificados.
O desejo de fazer a diferença
Apesar do desencanto, ela mantém a esperança de poder contribuir de alguma forma. “Tenho tanto a oferecer. Posso fazer os melhores sanduíches, tenho criatividade, sou comprometida”, afirma. Sua experiência, criatividade e dedicação permanecem esperando uma oportunidade.
Perspectivas futuras
A busca por uma mudança no sistema de recrutamento e inclusão social permanece como uma urgência. Especialistas defendem que é necessário repensar processos que excluem profissionais valiosos e desenvolver políticas que valorizem a diversidade e o talento real, além dos filtros digitais.
Até lá, histórias como a de Karen representam uma luta invisível, que revela uma sociedade na qual trabalhar, aprender e contribuir não devia depender de algoritmos ou de uma aparência que se encaixe nos padrões tradicionais.

