A Operação Carbono Oculto 86, que desvendou um esquema complexo de lavagem de dinheiro por parte da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), revelou a atuação do grupo no setor de combustíveis em três estados brasileiros. Com potencial de recuperar cerca de R$ 20 milhões aos cofres públicos, a investigação é considerada um dos maiores esforços contra o crime organizado no Brasil.
Entendimento do esquema criminoso
De acordo com a Secretaria de Fazenda do Piauí, através do seu Setor de Inteligência, a operação conseguiu identificar diversas irregularidades fiscais, fraudes e a utilização de empresas de fachada. A instauração deste inquérito levou à descoberta de postos de combustíveis que operavam sem autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), além de emitir notas fiscais frias e adulterar combustíveis.
“Fornecemos a situação cadastral dessas empresas e analisamos declarações e documentos fiscais, produzindo relatórios detalhados com as notas fiscais eletrônicas emitidas e recebidas pelos alvos”, explicou Edson Marques, diretor da Unidade de Fiscalização.
A fiscalização abriu 15 ordens de serviço contra as empresas diretamente envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Além disso, a Sefaz planeja solicitar a quebra de sigilo bancário dos investigados, iniciando uma auditoria sobre o patrimônio das empresas implicadas. Caso sejam confirmadas irregularidades graves, as empresas poderão ter sua inscrição estadual cancelada.
A amplitude da operação
A Operação Carbono Oculto não se limita ao setor de combustíveis. Os investigadores apuraram que o esquema global de lavagem de dinheiro do PCC é muito mais extenso, envolvendo um total estimado de R$ 5 bilhões. O grupo criminoso lavava dinheiro não apenas através de postos de combustíveis, mas também por meio de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs, dificultando a identificação dos reais beneficiários ao utilizar nomes de laranjas.
“Os empresários locais estão ligados aos mesmos fundos e operadores já identificados na Operação Carbono Oculto, fazendo com que essa operação se torne ainda mais complexa”, afirmam os investigadores. Além da adulteração de combustíveis, os postos estavam envolvidos em fraudes fiscais significativas que resultaram em milhões de reais não pagos em impostos.
Bens apreendidos e mandados de busca
As ações policiais resultaram em apreensões de bens avaliados em valores altos, incluindo um Porsche de R$ 550 mil e um avião Cessna Aircraft 210M. O secretário de Segurança do Piauí, Chico Lucas, afirmou que o governo já está buscando informações sobre outras aeronaves ligadas ao grupo criminoso.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências de luxo nos bairros Uruguai e Novo Uruguai, além de apartamentos nas zonas Leste, Sudeste e Sul de Teresina, e até mesmo em um imóvel em Araraquara, no interior de São Paulo. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 348 milhões em bens de 10 pessoas e 60 empresas que atuavam em conjunto com o PCC.
Próximos passos e desdobramentos
Chico Lucas enfatizou que, devido à falta de colaboração dos empresários durante as investigações, o Ministério Público do Piauí deve solicitar à Justiça a prisão dos envolvidos. “O MP vai recorrer pedindo a prisão deles justamente por não terem contribuído com a investigação”, afirmou o secretário.
Com a amplitude da operação e a possibilidade de recuperação de recursos, as autoridades reforçam o compromisso de combater a lavagem de dinheiro e desmontar estruturas financeiras sustentadas pelo crime organizado. A expectativa é que os desdobramentos da Operação Carbono Oculto provoquem uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelos órgãos de fiscalização e pela sociedade brasileira no combate à criminalidade.
Assim, fica evidente que a luta contra o crime organizado, em especial a lavagem de dinheiro ligada ao PCC, é um dos principais desafios enfrentados pelas autoridades no Brasil, e que ações como a Operação Carbono Oculto são fundamentais para desmantelar essas estruturas. A continuação do trabalho investigativo e a colheita de informações são promissoras para muitos outros setores econômicos que, como sinalizado, podem estar também envolvidos em irregularidades semelhantes.
Por fim, a sociedade espera que avanços significativos sejam feitos, gerando não somente recuperação de valores, mas também um impacto positivo na segurança e na integridade econômica do país.

