Com o aumento da frequência e intensidade das ondas de calor, várias capitais estão criando redes de abrigos climáticos para garantir o bem-estar da população. Essas áreas oferecem espaços frescos e climatizados, essenciais para enfrentamento das altas temperaturas, sobretudo em regiões urbanas vulneráveis.
Abordagens globais para proteção contra ondas de calor
Desde Barcelona até Buenos Aires, cidades investem em espaços abertos e fechados como parques, museus, centros comunitários e áreas verdes com o objetivo de oferecer refúgios do calor extremo. Segundo especialistas, essas ações são fundamentais para reduzir os riscos à saúde, especialmente entre populações mais vulneráveis, como idosos, migrantes e moradores de bairros de baixa renda.
Barcelona: pioneira em abrigos climáticos
Em 2019, Barcelona se destacou ao criar a primeira rede formal de abrigos climáticos, com 409 locais acessíveis à população. Conjugando espaços públicos como bibliotecas, museus e piscinas, a cidade visa ampliar o conhecimento e o uso desses ambientes, mesmo que ainda haja desafios na divulgação e acessibilidade. Segundo pesquisa de 2023, apenas 30% dos moradores do bairro La Prosperitat conheciam a rede, destacando a necessidade de melhorar a comunicação com os cidadãos, especialmente migrantes de países do Sul Global.
Boston e outras cidades norte-americanas
Nos Estados Unidos, Boston adaptou a experiência de Barcelona ao inserir áreas verdes, bibliotecas e espaços de recreação aquática, embora o uso desses abrigos ainda seja baixo devido à preferência por estratégias de resfriamento em casa. A cidade também está instalando telhados verdes em pontos de transporte público para aumentar os locais de refúgio. Pesquisas indicam uma necessidade de monitorar melhor a eficácia dessas ações, pois o impacto na saúde ainda não foi comprovado de forma definitiva.
Iniciativas latino-americanas: simplicidade e participação cidadã
Na Argentina, Buenos Aires lançou uma rede de 69 abrigos, utilizando museus, parques e bibliotecas como locais de refúgio. A estratégia inclui canais de participação cidadã para ampliar a oferta e adaptar os espaços às necessidades da população. Em Rosário, o projeto começou em 2022 e evoluiu de centros de acolhimento para uma rede de abrigos climáticos acessíveis a todos, com melhorias contínuas na infraestrutura.
Expansão na Argentina e outros países
Outras cidades argentinas, como Mendoza, estão planejando a instalação de estruturas de tamanho similar, com materiais reciclados e foco na acessibilidade. Além disso, Santiago e Medellín também têm investido em sistemas de áreas verdes e espaços públicos para enfrentar o calor.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para a necessidade de maior investimento em monitoramento, divulgação e ampliação do acesso aos abrigos climáticos. Como destaca Patricia Fabian, da Universidade de Boston, a efetividade dessas ações ainda precisa ser comprovada, mas o potencial de salvar vidas é indiscutível. A adaptação às mudanças climáticas, afirmam estudiosos, passa por democratizar direitos e criar ambientes urbanos mais resilientes.
Segundo estudiosos, qualquer cidade pode implementar essas soluções de forma eficiente e com recursos já disponíveis, lembrando que a adaptação é uma estratégia essencial para evitar perdas humanas e melhorar a qualidade de vida, diante do cenário de mudanças globais.


