O Banco Central deve manter a taxa básica de juros Selic em 15% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, pelo terceiro encontro consecutivo, segundo previsão do mercado financeiro. Apesar dos apelos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva por uma redução, a autoridade monetária sinaliza cautela devido à alta incerteza econômica e à necessidade de controlar a inflação.
Decisão amparada por cenário de estabilidade e cautela
Na última reunião, em setembro, o BC indicou que o ciclo de alta da Selic havia se encerrado ao retirar do comunicado a expressão “continuação da interrupção” do aperto monetário. Mesmo assim, ressaltou que o cenário atual, marcado por incertezas, exige vigilância permanente. “O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, afirmou o documento da autoridade monetária.
Expectativas do mercado e discurso oficial
Segundo pesquisa do Valor Pro com 120 instituições financeiras, há unanimidade no mercado de que a Selic será mantida nesta quarta-feira. Apesar disso, integrantes do governo, incluindo o próprio presidente Lula, defendem a redução dos juros, argumentando que a atual taxa de 15% não se sustenta diante da inflação de cerca de 4,5%. “Eles vão ter que cair. Não tem como sustentar 15% de juros reais com a inflação nesse nível”, afirmou Lula recentemente.
Pressão por redução e avaliação de cenários
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também sinalizou que seria necessário começar a baixar os juros em breve. Segundo ele, “por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair”. O Copom, por sua vez, reforça a necessidade de “perseverança, firmeza e serenidade” na condução da política monetária para alcançar a meta de inflação de 3%.
Perspectivas de inflação e projeções futuras
As expectativas de inflação continuam acima da meta oficial, mas houve uma melhora gradual. Para 2025, a projeção caiu de 4,83% para 4,56%, enquanto para 2026 e 2027 as estimativas também apresentaram redução, mas permanecem acima da meta de 3%. O Banco Central projeta que a inflação oficial do IPCA em 2027, no segundo trimestre, ficará entre 3,3% e 3,4%, ainda distante da meta de 3%.
Impactos na atividade econômica e riscos fiscais
Dados recentes indicam desaceleração econômica, com o mercado de trabalho mostrando sinais de resiliência, além de melhorias nos núcleos de inflação. Ainda assim, especialistas alertam para riscos fiscais e incertezas externas, que dificultam uma mudança na postura do BC. Sérgio Goldenstein, sócio-fundador da Eytse Estratégia, afirma que uma redução prematura dos juros prejudicaria a credibilidade do Banco Central.
Já Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, avalia que o BC pode sinalizar uma postura mais dura diante da evolução positiva do cenário, retendo a discussão de cortes na taxa até o início de 2026.
Próximos passos e possíveis mudanças na política monetária
Apesar da melhora no quadro inflacionário, a maioria dos analistas acredita que o Banco Central manterá a postura de cautela, aguardando sinais mais concretos de redução na inflação e na atividade econômica antes de alterar a sinalização de juros altos por um período prolongado. Assim, a discussão sobre flexibilização deve ficar para o primeiro trimestre de 2026, com expectativa de que o BC mantenha o discurso de perseverança neste momento.
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