Brasil, 23 de dezembro de 2025
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Por que Amazon e outras gigantes de tecnologia estão demitindo milhares de funcionários

Gigantes como Amazon cortam milhares de empregos, com a IA sendo apontada como motivo, mas especialistas questionam se ela é a única responsável

A Amazon confirmou na última terça-feira (28) a demissão de aproximadamente 14 mil funcionários, uma redução significativa em sua força de trabalho global. A decisão reforça a preocupação de que a inteligência artificial (IA) começa a substituir trabalhadores em setores diversas, alimentando debates sobre seu impacto no mercado de trabalho.

Demissões e o papel da inteligência artificial na tecnologia

Empresas como a Amazon, Chegg, Salesforce e UPS anunciaram cortes, frequentemente atribuindo parte dessa redução ao uso de IA e automação. A Amazon, por exemplo, afirmou que precisa ‘estar mais organizada e enxuta’ para aproveitar as oportunidades oferecidas pela tecnologia. A gigante do e-commerce já mostrava bom desempenho financeiro, com crescimento de 13% nas vendas no último trimestre, totalizando US$ 167,7 bilhões (R$ 902,8 bilhões).

Executivos dessas companhias destacaram que agentes de IA são utilizados para otimizar tarefas, como atendimento ao cliente e logística. A Salesforce, por exemplo, indicou que agentes de IA já realizavam parte do trabalho de suporte ao cliente, levando a uma redução de 4 mil cargos no setor de atendimento.

Especialistas avaliam o impacto real da IA nas demissões

No entanto, especialistas alertam que a relação entre IA e cortes de empregos não deve ser interpretada de forma superficial. Martha Gimbel, diretora-executiva do Budget Lab da Universidade de Yale, explica que as demissões de empresas específicas refletem dinâmicas internas e condições macroeconômicas, não necessariamente causadas exclusivamente pela tecnologia. “Há uma tendência de reagir de forma exagerada aos anúncios isolados de cortes relacionados à IA”, afirma ela.

Estudos do Federal Reserve e de pesquisadores como Morgan Frank indicam que, até o momento, os setores mais afetados pelo lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 foram os de apoio administrativo e de escritório, com aumento na solicitação de seguro-desemprego. Por outro lado, áreas de tecnologia e matemática ainda não demonstraram mudanças perceptíveis em suas tendências de emprego.

Contratações anteriores e ciclos econômicos

Muitos dos cortes recentes, segundo especialistas, estão relacionados a padrões de contratação acelerados anteriores à pandemia, quando as taxas de juros estavam baixas e as empresas se prepararam para um crescimento robusto. Após o aumento das taxas pelo Federal Reserve, esse ritmo de contratações diminuiu, refletindo uma mudança de ciclo econômico mais ampla.

A Amazon, em particular, disse que busca otimizar sua estrutura para aproveitar as oportunidades da IA e foi objeto de discussões sobre automação devido à sua escala. O professor Enrico Moretti, da Universidade da Califórnia, afirma que empresas de grande porte atuam tanto como produtoras quanto consumidoras de IA, o que acelera a adoção de automações e potencialmente impacta o emprego.

Realidade além dos discursos

Para Lawrence Schmidt, do MIT, a automação deve promover uma realocação de atividades, ao invés de uma redução geral de empregos. Ele ressalta que o impacto da IA no curto prazo é mais limitado do que a narrativa muitas vezes sugere, sendo o resultado de um ciclo econômico e estratégias internas das corporações.

Assim, embora o uso de IA seja um fator presente nas mudanças recentes, a análise de seu papel deve considerar o contexto econômico mais amplo, incluindo fatores como ciclos de expansão e recessão, além das estratégias de crescimento e ajustamento das empresas.

Por fim, especialistas ressaltam que o avanço da IA indica uma transformação estrutural, que exigirá adaptação contínua da força de trabalho. O mercado deve passar por uma fase de transição, com deslocamentos de empregos e novas oportunidades em setores que ainda estão se formando.

Para acompanhar as tendências e entender os impactos futuros, é necessário analisar não apenas os casos isolados, mas as dinâmicas macroeconômicas e as decisões de longo prazo das corporações de tecnologia.

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